Itaipu defende bioeconomia para proteger florestas e gerar inclusão
Em evento na COP30, especialistas apontam a bioeconomia como caminho para manter florestas em pé, fortalecer comunidades e enfrentar a crise climática
247 - A bioeconomia ganhou centralidade nos debates da COP30 nesta segunda-feira (17), em Belém, durante o evento “Floresta, Água e Bioeconomia: Inovação e Sustentabilidade para Enfrentar a Urgência Climática”, promovido pela Itaipu Binacional. O encontro, acompanhado pela reportagem da Itaipu Binacional, reuniu representantes do Banco do Brasil (BB), Instituto Socioambiental (ISA) e Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA) para discutir estratégias capazes de proteger ecossistemas e responder à emergência climática.
No centro da discussão esteve o papel da bioeconomia como ferramenta para manter as florestas vivas sem comprometer o desenvolvimento das populações que delas dependem. Ao transformar a biodiversidade em vetor de renda, inovação e inclusão, a bioeconomia se apresenta como caminho para conciliar preservação ambiental, justiça social e estabilidade climática.
“Precisamos de respostas ambiciosas”
Responsável por mediar o debate, o diretor financeiro da Itaipu, André Pepitone, defendeu que a bioeconomia ocupa um espaço decisivo na agenda climática. “Precisamos de respostas ambiciosas para proteger as florestas e os ecossistemas aquáticos, e ao mesmo tempo sustentar cadeias produtivas que geram emprego, renda e inclusão social”, afirmou. Para ele, o avanço do setor depende de superar obstáculos históricos. “A bioeconomia é uma resposta a isso. Mas, para promovê-la, é necessário enfrentar alguns gargalos, especialmente a infraestrutura limitada, a baixa valoração dos produtos florestais e o baixo investimento em ciência”, acrescentou.
Estratégia binacional e ações locais
A Itaipu apresentou sua estratégia de conservação, conduzida pelo engenheiro agrônomo Ronaldo Pavlak, do Brasil, e por Walter Groehn, gestor do projeto Reserva da Biosfera, do Paraguai. O eixo central da iniciativa é a preservação e recuperação da Mata Atlântica nas duas margens do reservatório, que já soma mais de 100 mil hectares protegidos.
Além da conservação, a empresa desenvolve uma série de ações para fortalecer cadeias bioeconômicas locais. Entre elas estão o cultivo de plantas medicinais nativas, o incentivo à produção de mel por abelhas sem ferrão, o apoio técnico para sistemas agroecológicos e agroflorestais — uma rede que hoje alcança mais de 7 mil agricultores familiares — e programas voltados a comunidades indígenas.
Territórios no centro das soluções
Para Rodrigo Junqueira, secretário executivo do ISA, a bioeconomia deve refletir a pluralidade dos territórios amazônicos e suas diferentes realidades sociais e ambientais. Ele destacou que essas regiões prestam serviços fundamentais à regulação climática e que qualquer estratégia de restauração precisa incluir seus habitantes. A visão foi reforçada por Cassiane Lopes, gerente de soluções em Bioeconomia e ESG do Banco do Brasil, ao afirmar: “É importante dar visibilidade às pessoas que protegem as florestas”.
Participação social como premissa
A diretora administrativa da OTCA, Edith Paredes, também enfatizou o protagonismo das comunidades nos processos decisórios. Segundo ela, mesmo tratando-se de uma organização dedicada à cooperação diplomática e técnica, a participação social é indispensável. “É preciso que as lideranças comunitárias, inclusive indígenas e quilombolas, façam parte do processo de tomada de decisão”, afirmou.
Com a bioeconomia no centro das discussões, o evento da Itaipu na COP30 reforçou a compreensão de que enfrentar a mudança climática passa necessariamente por valorizar pessoas, territórios e os conhecimentos que sustentam as florestas — mantendo-as, de fato, em pé.
