Setor naval busca no etanol brasileiro alternativa verde
Gigantes do transporte marítimo e maiores produtoras nacionais de etanol unem-se em projeto pioneiro para descarbonização, destacando solução com escala
247 - Em meio às complexas negociações da Organização Marítima Internacional (IMO) por um marco regulatório para emissões, um anúncio conjunto traz uma solução tangível e imediata para a descarbonização do setor. A.P. Moller – Maersk e Everllance, gigantes do transporte marítimo global estão se unindo às principais produtoras brasileiras de etanol – Atvos, Copersucar, FS, Inpasa e Raízen – em uma iniciativa que posiciona o combustível renovável como uma alternativa viável e pronta para uso.
O movimento reforça o protagonismo do Brasil na transição energética global, demonstrando que a busca por um futuro mais limpo não depende exclusivamente de um único acordo internacional. O etanol, amplamente utilizado no transporte rodoviário de diversos países, surge agora como uma opção promissora para os navios, aproveitando a escala produtiva consolidada e sustentável do agronegócio nacional.
Testes bem-sucedidos utilizando etanol e uma mistura E10 em navios dual-fuel (que operam com bunker ou metanol) comprovam a viabilidade técnica. A iniciativa abre caminho para novas alternativas de propulsão naval, destacando a prontidão da solução. A própria Maersk segue com um teste-piloto na embarcação Laura Maersk, a primeira porta-contêineres do mundo movida a metanol, que deve se estender até o final de novembro. Os estudos avaliam diferenças na qualidade de ignição, corrosão, lubrificação e emissões entre o metanol padrão e o E10.
Para os executivos da Maersk, a colaboração é fundamental. “Este é um momento memorável, possível graças à soma de muitos esforços. Para o transporte marítimo, a escala de produção existente do etanol é uma vantagem e poderia fornecer uma terceira opção de combustível para motores a metanol de combustível duplo”, afirmou Morten Bo Christiansen, Vice-Presidente Sênior e Head de Transição Energética da empresa. Danilo Veras, Vice-Presidente de Políticas Públicas e Regulatórias para a América Latina, complementou: “O Brasil demonstra capacidade de produzir etanol de forma sustentável, com potencial de crescimento e atendendo às mais rigorosas regras de certificação, o que é fundamental para a descarbonização global do setor”.
A validação do etanol no transporte marítimo representa uma oportunidade econômica colossal para o Brasil. Em uma projeção conservadora, a substituição de apenas 10% da demanda projetada de combustível marítimo em 2030 por etanol geraria uma demanda equivalente a toda a produção atual do país, que foi de 34,96 bilhões de litros na safra recorde de 24/25. Esse cenário impulsionaria a economia nacional, com geração de empregos e novos investimentos em infraestrutura e inovação.
As produtoras brasileiras defendem a urgência de um padrão global robusto para combustíveis, baseado em emissões de ciclo de vida e transparência. Em nota conjunta, reafirmaram seu compromisso: “Apoiamos plenamente o trabalho futuro da IMO... e continuaremos a investir e demonstrar a viabilidade do etanol, independentemente dos desafios regulatórios que se apresentem”. O apoio da indústria nacional evidencia a maturidade e a prontidão da cadeia produtiva para integrar soluções energéticas renováveis no mercado internacional de transporte marítimo.
