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120 anos após Santos Dumont, eVTOL brasileiro pode inaugurar nova era dando voltas na Torre Eiffel

Financiado pelo BNDES, o eVTOL da Eve avança rumo ao primeiro voo em 2026, em um marco que conecta inovação brasileira e legado histórico

120 anos após Santos Dumont, eVTOL brasileiro pode inaugurar nova era dando voltas na Torre Eiffel (Foto: Freepik | Reprodução )

247 - O Brasil pode repetir, em 2026, um marco histórico da aviação — exatamente 120 anos após o voo do 14-Bis, de Santos Dumont — com a estreia do eVTOL desenvolvido pela Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer dedicada à Mobilidade Aérea Urbana (UAM). A projeção foi destacada pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, durante o anúncio de um novo financiamento para a empresa. As informações são do BNDES.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou R$ 200 milhões para apoiar a fase de integração e operação dos motores elétricos da primeira aeronave certificável da Eve. A maior parte dos recursos (R$ 160 milhões) virá do Fundo Clima, enquanto R$ 40 milhões serão aportados por meio da linha Finem. O investimento também permitirá preparar o veículo para a campanha de testes exigida pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), etapa fundamental rumo à certificação.

O anúncio ocorreu nesta terça-feira (9), em São Paulo, durante evento que celebrou o toque de campainha na B3, marcando a listagem oficial da Eve na bolsa brasileira — a empresa já integra a Bolsa de Nova York (NYSE) desde 2022. Segundo a companhia, a presença no mercado nacional amplia a base de investidores e reforça sua estrutura de capital para o programa de desenvolvimento do eVTOL.

Durante a cerimônia, o diretor Financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES, Alexandre Abreu, destacou o simbolismo do avanço tecnológico brasileiro:
“Quando olhamos o filme do eVTOL voando sobre São Paulo, é impossível como brasileiro não parar e pensar: nós no Brasil estamos construindo uma coisa revolucionária. A Embraer é um orgulho, é o símbolo de um Brasil que dá certo”, afirmou. Abreu também ressaltou o retorno do banco ao mercado de capitais após uma década.

A aeronave elétrica da Eve terá capacidade para quatro passageiros, além do piloto, e autonomia de 100 quilômetros. O projeto prevê oito motores elétricos elevadores nas asas, responsáveis pela sustentação vertical, e um motor traseiro para o voo horizontal. O modelo comporta até duas malas ou quatro bagagens de mão, mirando operações rápidas e sustentáveis em grandes centros urbanos.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, sublinhou o impacto ambiental reduzido do eVTOL e relembrou a dimensão histórica do momento:
“O BNDES tem todo o interesse em apoiar um projeto que já tem 2,8 mil pedidos de encomenda em nove países. Queremos que o primeiro voo aconteça em 2026, 120 anos após o voo do 14-Bis, um feito histórico de Santos Dumont e legado para o mundo”, disse.

Para a Eve, o financiamento chega em um ponto decisivo. “Esse apoio acelera uma etapa crítica do nosso programa: a integração do sistema de propulsão elétrica, que garantirá desempenho, segurança e confiabilidade à nossa primeira aeronave certificável”, afirmou o CFO Eduardo Couto. Ele reforçou o compromisso da empresa em desenvolver soluções sustentáveis e industrializadas no Brasil.

Desde 2022, o BNDES já aprovou R$ 1,2 bilhão para diferentes fases do projeto, incluindo a construção da fábrica em Taubaté (SP). Em agosto, o banco também anunciou um investimento direto de R$ 405,3 milhões na Eve, alinhado à retomada das operações da BNDESPAR em renda variável.

Parte essencial desse suporte vem do Fundo Clima, criado em 2009 e administrado pelo BNDES sob supervisão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O fundo financia iniciativas voltadas à mitigação das mudanças climáticas, incluindo projetos de inovação e aquisição de tecnologias de baixo carbono — categoria na qual se insere o eVTOL brasileiro.

Com a combinação de inovação, financiamento robusto e ambição tecnológica, o Brasil se posiciona para protagonizar novamente um capítulo relevante da história da aviação — desta vez, na era da mobilidade aérea elétrica.