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Brasil

A classe média exige respeito

Mas já vamos avisando: não somos elite. Queremos respeito. E lembramos que a francesa, aquela que é a “mãe das revoluções”, foi feita pela classe média

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Eu sou e sempre serei Classe Média. 

Aquele pessoal que não nasceu em berço de ouro, mas teve seus confortos (não confundir com mordomia). 

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Um avô era juiz em Campinas (onde virou nome de rua no bairro Classe Alta do Cambuí por ter transformado o fórum em hospital na epidemia da febre amarela em 1917). Juiz se comportava como Classe Média, pelo menos em 1917. 

Meu outro avô poderia ter chegado à classe das elites. Mas resolveu vender suas fazendas no Pantanal para plantar café no interior de São Paulo. 

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Quando? Em 1927. Exatamente às vésperas da crise mundial de 1929. Aquela dos suicídios em Wall Street. Sobreviveu. Mas foi interrompida uma eventual subida à Classe Alta. 

Papai foi funcionário do Banco do Brasil. Ele acabaria procurador do BB. Isso no tempo em que os funcionários de banco ainda não tinham acesso às primeiras páginas dos jornais, sob suspeita de escândalos ou outras traficâncias. 

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Minha mãe prestou concurso para Inspetora do Ensino Secundário. Teve nomeação assinada por Octávio Mangabeira, ministro de Vargas. 

Nada mais Classse Média do que o casamento entre um funcionário do Banco do Brasil com uma Inspetora Federal do Ensino Secundário. 

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Um pouco burocrático, não? ... Bem, estávamos no apogeu do Estado Novo.  

Minha contribuição para incrementar as estatísticas da Classe Média não foi das maiores. 

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Um curso de Direito nas Arcadas do São Francisco, até ser engolido por uma redação, que me desviou do ideal adolescente de ser Juiz do Trabalho. 

O roteiro inicial talvez pudesse ter me levado a alguma instância superior, quem sabe o Tribunal Superior do Trabalho, e até “Who knows” o Supremo.   

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Mas nem nessa hipótese, com alto salário mais vantagens, eu deixaria de ser um Classe Média. 

É da minha natureza, como disse o escorpião ao sapo que o transportava até a outra margem do rio. 

De repente toda as pessoas que, como eu, são Classe Média entram  num redemoinho social chamado “ascensão da Classe C”. 

Ela passa a co-habitar conosco no mesmo imenso caldeirão. 

Foram quase 30 milhões de pessoas subindo rapidamente a escadaria da mobilidade social. Maravilha, não fosse alguns equívocos.      

Foi tão rápida a ascensão que alguns técnicos e especialistas passaram  a chamar os recém-chegados de “nova classe média”. 

E nós, que seguramos a barra durante esses anos todos, fomos promovidos a “elite”, numa evidente tentativa de jogar sobre os nossos ombros a culpa “disso tudo que está ai”, como se diz hoje, nas ruas. 

Uma injustiça. Estimulada por colegas jornalistas – todos eles Classe Média para cima - que nos massacram cotidianamente. Nunca fomos “elite”. Somos apenas, e continuaremos sendo, Classe Média.    

Diante da injustiça flagrante que estava sendo praticada com os nossos militantes, alguns poucos saíram em nossa defesa, preocupados com as “distorções criadas pela atual classificação”.                              

Foi o pessoal das pesquisas. Os professores Wagner A. Kamakura (Rice University) e José Afonso Mazzon (FEA-USP) formularam um novo modelo que será oficialmente adotado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) a partir de janeiro de 2014.  

O livro “Estratificação Socioeconômica e Consumo no Brasil” será lançado no dia 16 em São Paulo. Ele traz uma nova classificação das camadas sociais e divide o Brasil em sete (7) classes. Do mais risco à pobreza absoluta.  

Já que os jornalistas são implacáveis conosco, botamos nossas esperanças nesse pessoal de marketing e pesquisa.  

Mas já vamos avisando: não somos elite. Queremos respeito.  E lembramos que a francesa, aquela que é a “mãe das revoluções”, foi feita pela classe média.      

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