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A democracia não se defende sozinha, diz historiador americano

"Há um tipo de fantasia bastante difundida de que, se o governo civil é corrupto, haveria alguma maneira de obter a pureza por meio dos militares", diz o historiador americano Timothy Snyder, professor da Universidade de Yale (EUA) e autor de livros sobre autoritarismo

A democracia não se defende sozinha, diz historiador americano (Foto: Reprodução)

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247 - Professor da Universidade de Yale (EUA) e autor de livros sobre autoritarismo, o historiador americano Timothy Snyder, especialista em autoritarismo, afirma que apenas realização de eleições não significa que candidatos e eleitores serão inclinados à democracia. "Há um tipo de fantasia bastante difundida de que, se o governo civil é corrupto, haveria alguma maneira de obter a pureza por meio dos militares", comenta o renomado historiador em entrevista ao site DW.

No Brasil um dos símbolos do autoritarismo é o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que defende pautas como posse de arma e pena de morte. Questiona sobre o candidato representa para a democracia brasileira, o estudioso afirma que "o início da resposta para essa pergunta é que a democracia não se defende sozinha". "Só porque há eleições democráticas, não significa que candidatos e eleitores serão inclinados à democracia. Eleições democráticas fazem parte de um projeto muito maior de construção de um Estado pluralista, individualista e de Direito. Quando partes desse projeto começam a desmoronar, passamos a ver isso em candidaturas e na eleição deste tipo de indivíduos".

O historiador também vê com preocupação a declaração do general Mourão (PRTB), vice de Bolsonaro. O militar admitiu que as Forças Armadas poderiam apoiar um "autogolpe” na hipótese de "anarquia”. De acordo com o pesquisador, "as possibilidades mencionadas são bem sombrias. Sem enfatizar no contexto brasileiro, a base da ordem constitucional é que a violência é controlada pelo Estado e apenas executada de acordo com a lei".

"Assim que isso é questionado, entra-se em um território muito perigoso. A ideia de que as Forças Armadas deveriam decidir quem governará ou não o país é um passo em direção a um tipo diferente de sistema, porque ao se fazer isso uma vez, isso vai acontecer de novo, e de novo. Outro problema é que, uma vez que as Forças Armadas decidam que podem escolher o comandante do país, se perceberá que diferentes partes da instituição têm diferentes candidatos", acrescentou.

"Imaginar as Forças Armadas [fazendo isso] é pensar em uma situação na qual o Estado de Direito não funciona mais. É abrir caminho para um futuro em que é muito difícil recuperar esse Estado de Direito porque a história, não apenas da América Latina, mostra muito bem que golpes militares tendem a levar a mais golpes militares. Eles criam a percepção de possibilidade, que é muito difícil de se dissolver", disse.

 

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