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    A Praça Tahir é aqui?

    O “outono brasileiro” não tem dono, nem direção. E quem tentar se apropriar desse “movimento” será rapidamente devorado pela fúria das ruas

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    Quem são eles? O que querem? O que realmente motiva os milhares de jovens que tomaram as ruas das grandes cidades e, ontem, invadiram o próprio Congresso Nacional?

    Serão mesmo os vinte centavos da passagens de ônibus? Ou há algo mais fundo? Há explicações cada tipo de freguês. Para os petistas, a violência da Polícia Militar de São Paulo potencializou a reação desta segunda-feira. Para os tucanos, o que existe é uma insatisfação difusa contra os rumos do País e a precariedade dos serviços públicos.

    Diante de uma catarse coletiva, sem direção e sem lideranças claras, cada grupo tenta impor sua própria agenda ao “movimento”, que, na verdade, não tem unidade alguma.

    Nessa tentativa de se apropriar dos protestos, a Globo, por exemplo, enxergou um grande protesto nacional contra a PEC 37, que limita ações do Ministério Público, sem qualquer amparo na realidade. E acabou sendo alvo da fúria das ruas, diante de manifestantes que gritavam palavras de ordem contra a “Central Globo de Mentiras”.

    Se a Praça Tahir é aqui, o que fica claro é que ela não tem dono. Há quem grite contra a corrupção, contra os gastos da Copa, contra a mídia e até mesmo contra as tarifas de ônibus.

    No mundo político, a correnteza das ruas deixa um grande ponto de interrogação. À direita, os que ontem falavam em “baderna” hoje enxergam uma oportunidade de apontar a fúria da massa contra o PT e a presidente Dilma Rousseff. No Facebook, tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o senador Aécio Neves saudaram o grito de indignação e a perspectiva de um eventual levante popular. No Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff limitou-se a elogiar o “caráter democrático” dos protestos. E o ex-presidente Lula jogou a batata quente para o prefeito Fernando Haddad, apostando numa negociação com o Movimento Passe Livre.

    O fato é que o poder está cercado. E a polícia, intimidada pela repercussão negativa de suas ações na semana passada. Hoje, há apenas dúvidas e incerteza. O que se pode dizer, com segurança, é que quem tentar se apoderar desse movimento sera rapidamente devorado por ele.

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