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    A verdadeira história das ligações de Moro e Youssef e o prontuário do doleiro protegido, conta jornalista Graça Lago

    Moro tenta justificar dinheiro de Youssef para Álvaro Dias alegando que, em 1998, “ninguém sabia” quem era o doleiro

    Sergio Moro e Alberto Youssef (Foto: Ag. Senado | ABr)

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    Agenda do Poder - Nascido em Londrina, no mesmo Paraná do ex-juiz Sérgio Moro, Alberto Youssef atraiu a atenção das autoridades pela primeira vez ainda nos anos de 1980, quando atuava no contrabando de uísque e outros produtos do Paraguai pela fronteira. Foi preso cinco vezes sob acusação de contrabando, uma delas após uma perseguição em alta velocidade. Já então era conhecido por festas monumentais, noitadas milionárias e gorjetas mui generosas.

    Nos anos de 1990, passou para o ramo da lavagem de dinheiro, tornando-se um dos cinco principais doleiros do Brasil, segundo Cláudio Esteves, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, em Londrina, no Paraná.

    Foi preso em 2000 e em 2001 em um suposto esquema de corrupção em Londrina, acusado de subornar funcionários de bancos para receber cheques municipais, inclusive sem assinatura.

    Também em 2000, Youssef foi pego em um escândalo de desvio de fundos em Maringá (é, a terra de Moro), indiciado por formação de quadrilha e desvio de dinheiro público, para financiar campanhas nas eleições de 1998, inclusive a de Álvaro Dias.

    Acabou fechando um acordo com os promotores, que concordaram em retirar as acusações, se ele entregasse os nomes dos funcionários públicos envolvidos. Seria a PRIMEIRA de uma série de delações premiadas, atividade que desenvolveu com maestria, usando e abusando do recurso, que, pela lei, só admite redução da pena ou perdão sob expressa condição de ILIBADA CONDUTA FUTURA. Não foi o caso, mas Moro sempre achou que não vinha ao caso. Será que moro nunca soube dessa história? Ô, sujeito desatento.

    Ainda em meio ao escândalo de Maringá, Youssef também foi acusado de lavar mais de US$ 830 milhões no caso do Banestado. Novamente, fechou um acordo de delação premiada, o SEGUNDO, que, neste caso, serviu para acusar … doleiros concorrentes. Com moro à frente, Youssef saiu livre, leve e solto. Alguns dos seus maiores rivais foram presos, permitindo que o paranaense voltasse “mais forte do que nunca”, como disse, na época, Luiz Fernando Delazari, então secretário estadual de Segurança do Paraná.

    Onze anos depois, em março de 2014, Youssef foi novamente preso por moro, no chamado Mensalão 2, ocorrido em 2005 (o primeiro, o Mensalão 1, o da compra dos votos para a reeleição de FHC não teve consequências, porque Geraldo Brindeiro, o Procurador Geral da República das 626 denúncias criminais dos seus oito anos no cargo (de 1995 a 2003), arquivou mais de 90% delas, encaminhando para indiciamento pelo Judiciário apenas 60, justamente as de importância menor e que envolviam personagens secundários).

    Moro permitiu, então, a TERCEIRA delação premiada de Youssef, alegando que foi essencial para dezenas de indiciamentos e prisões de importantes figuras, possibilitando a comprovação de desvios bilionários.

    Mas, segundo Paulo Muzell, do site Sul21, “fala-se que a Lava Jato apurou pagamentos de propinas de valores acima dos 10 bilhões de reais, valor expressivo, mas que, pasmem, representa apenas 1,7% dos valores desviados dos cofres públicos nos episódios do Banestado e da operação Zelotes”.

    Pausa para lembrar– Alberto Youssef foi figura central na transferência ilegal de bilhões de dólares oriundos de recursos desviados na farra das privatizações do governo FHC. Na segunda metade dos anos 1990, por meio das contas CC5, houve uma sangria de recursos que migraram do Brasil para engordar as polpudas reservas de empresários, políticos, grupos de mídia no exterior. Sem dúvida o maior episódio de corrupção da história do país. Foi aberta uma CPI no Congresso, virou pizza; o Banco Central boicotou as investigações e a imprensa silenciou. Só a Globo teria enviado 1,6 bilhões de dólares, mais de 5 bilhões de reais. Além das grandes empreiteiras, a lista de supostos fraudadores incluía a editora Abril, o Correio Brasiliense, a TVA, o SBT, dentre outros. A justiça foi lenta, os crimes prescreveram e só foram punidos alguns integrantes da “arraia miúda”.

    Na Lava Jato, Alberto Youssef foi condenado a 122 anos de prisão. Fez o QUARTO acordo de delação premiada, com o aval de Moro, devolveu aos cofres públicos R$ 50 milhões e ficou três anos preso. Foi solto em março de 2017 e, em 2019, voltou a operar com câmbio.

    Ao longo dos anos, Youssef foi preso nada menos que nove vezes, sob acusações de contrabando, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Adepto da delação premiada, depôs várias vezes contra outros “doleiros” em troca de reduções de sentença. Ao longo do caminho, isso permitiu que ele reforçasse seu domínio sobre o mercado negro, diz a Polícia Federal.” – reportagem da Bloomberg.

    Autoria: jornalista Graça Lago, com base em reportagens da Bloomberg, Gazeta do Povo e Sul21

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