Aras quer que USP investigue professor por criticar engavetamento de investigações contra Bolsonaro

247 - Enquanto engaveta investigações relacionadas a Jair Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou uma representação contra o professor Conrado Hübner Mendes, colunista da Folha, à Comissão de Ética da Universidade de São Paulo, dizendo ter sido vítima de calúnia, injúria e difamação.

De acordo com reportagem da Folha, Conrado Hübner Mendes é professor de direito constitucional da Faculdade de Direito da USP e suas publicações foram consideradas por Aras como "termos que exorbitam da crítica ácida para flertar com o escárnio e a calúnia".

"A representação é mais que uma forma de cerceamento, mas de intimidação". "Não apenas contra mim, mas contra professores em geral, da USP e de qualquer universidade pública", disse Conrado.

"Quando falamos de crimes contra a honra como calúnia (imputar crime) ou difamação (atacar a reputação), a interpretação do Código Penal não pode ser a mesma entre autoridades públicas e cidadãos comuns. Isso faz parte do pacote: não se pode ser autoridade e se comportar como uma boneca de porcelana ao mesmo tempo", acrescentou o professor.

Para Aras, as publicações trazem injúria e difamação, lhe expondo "à execração pública mediante afirmações que transcendem a informação ou a crítica". 

Segundo o procurador-geral, as colunas ainda espalham fake news, pois desde sua posse até 9 de fevereiro, "foram autuados 78 processos administrativos envolvendo apurações" relacionadas a Bolsonaro.