Banqueira de Marina pede educação padrão Fifa
Maria Alice Setubal, herdeira de Olavo Setubal, o falecido dono do Banco Itaú, defende reforma na área que inclua não apenas as novas tecnologias, mas também os temas da cidadania e que afetam o planeta: "As metodologias de ensino e aprendizagem precisam privilegiar o aprender fazendo, os games e as simulações. E, principalmente, demandam nova organização da escola aberta à comunidade e ao mundo"
247 – Maria Alice Setubal, a herdeira de Olavo Setubal, o falecido dono do Banco Itaú, que tem se dedicado a ajudar a ex-senadora Marina Silva a construir seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, defendeu reformas na educação no padrão Fifa – resgatando retórica usada por Dilma Rousseff após a vitória da Seleção na Copa das Confederações. Leia o artigo publicado na Folha:
A educação no país do futebol
O acesso ao ensino fundamental é quase universal, mas defasagens curriculares e regionais impedem uma melhoria a longo prazo
O país do futebol ouviu milhares de cidadãos clamando nas ruas por uma "educação padrão Fifa".
Um primeiro olhar aos dados educacionais dos últimos dez anos nos permite comemorar o acesso ao ensino fundamental de 98% das crianças e adolescentes de 7 a 14 anos.
Sem dúvida, os dados mostram um enorme salto para uma educação de acesso quase universal.
No entanto, um olhar mais atento revela que ainda estamos longe de oferecer uma educação de qualidade. O esforço e o investimento do governo federal com o programa de alfabetização na idade certa é um indicador disso. Ou seja, ainda não resolvemos questões básicas para que nossa população esteja preparada para exercer sua cidadania.
De um lado, temos um maior acesso à educação, não só ao ensino fundamental, como também aos ensinos médio e superior. A maioria dos jovens que ingressaram na faculdade nos últimos anos consiste na primeira geração da família a estudar um curso superior. Além disso, pesquisas comprovam que quanto maior o grau de instrução, maior o nível salarial.
Por outro lado, as novas gerações querem protagonizar suas vidas, buscam mais autoria, diálogo e participação direta nos rumos da sociedade. Os jovens demandam novas estratégias de democracia direta.
Escutar o clamor das ruas por melhores condições de educação significa descortinar os vários entraves educacionais no Brasil, de modo que se possa superar o desafio de atender demandas de curto prazo, sem perder o contexto histórico e estrutural do país.
Nesse sentido, destaco dois aspectos que ainda entravam a melhoria da educação no Brasil.
Primeiro, as excludentes desigualdades educacionais: regionais (Norte/Nordeste de um lado e Sul/Sudeste de outro), entre a educação no campo e nas cidades e ainda as enormes diferenças entre as escolas situadas em regiões centrais e as da periferia das grandes cidades.
Segundo, a defasagem entre o currículo escolar e o mundo vivido cotidianamente pelas crianças, adolescentes e jovens.
O mundo contemporâneo exige uma educação que incorpore não apenas as novas tecnologias, mas também os temas da cidadania e que afetam o planeta. Sustentabilidade, equidade social, participação política, mobilidade urbana, empreendedorismo. Além de novos valores como cooperação, respeito, diálogo e cultura de paz.
As metodologias de ensino e aprendizagem precisam privilegiar o aprender fazendo, os games e as simulações. E, principalmente, demandam nova organização da escola aberta à comunidade e ao mundo.
Mudanças estruturais como essas dependem de se priorizar a educação como política pública nacional de fato e não somente nos discursos dos governantes.
A retórica dos políticos não convence mais os jovens que, assim como seus pais, sabem que é necessária uma educação de qualidade para alcançarem uma vida digna e bem-estar. Uma das conquistas dos milhares de jovens que foram às ruas é a instauração do debate político e social em torno da educação. As novas gerações estão colocando a questão como pauta na agenda política, econômica e social.
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