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Brasil

Barusco, o ladrão que Moro tratou a pão de ló

A figura emblemática da caçada seletiva da Lava-Jato não é o grande delator Alberto Yousef, condenado a 121 anos e 11 meses de cadeia, mas solto depois de cumprir apenas três. Youssef é o operador impune, mas não é a figura da Lava-Jato que expressa mesmo a impunidade. A história mais fantástica é a de Pedro Barusco. Leia artigo de Moisés Mendes no site Extraclasse

barusco moro (Foto: Gisele Federicce)
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Por Moisés Mendes, do Extraclasse - A figura emblemática da caçada seletiva da Lava-Jato não é o grande delator Alberto Yousef, condenado a 121 anos e 11 meses de cadeia, mas solto depois de cumprir apenas três. Youssef ficou impune pela segunda vez, depois de enganar polícia, Ministério Público e Justiça no caso Banestado, nos anos 90, incluindo entre os enganados o juiz Sergio Moro, que atuou no caso.

Youssef é o operador impune, mas não é a figura da Lava-Jato que expressa mesmo a impunidade. A história mais fantástica é a de Pedro Barusco. Ex-gerente de Engenharia e Serviços da Petrobras, homem do segundo time da empresa, Barusco roubou o equivalente hoje a R$ 330 milhões em propinas de empreiteiras. Confessou que havia guardado US$ 98 milhões na Suíça. E exibiu-se: havia roubado sozinho.

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Pois nesta quarta-feira, dia 11, Barusco livrou-se das penas e não deve mais nada à Justiça. Livrou-se até da tornozeleira que usava por ordem do juiz Sergio Moro. A juíza Carolina Moura Lebbos, substituta de Moro na Lava-Jato, determinou que Barusco é um homem livre.

Prestem atenção no detalhamento do despacho da juíza. Ela diz que o sujeito "cumpriu 739 horas e 36 minutos com ações de prestação de serviço social, 19 horas e 36 minutos a mais do que a pena previa". Barusco tem créditos a receber.

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Só faltou um elogio ao mafioso (e por que foi a juíza substituta quem cumpriu essa missão? O titular não quis ficar marcado como o juiz que zerou as dívidas de Barusco com a Justiça?).

Este último gesto do Judiciário é o deboche final de tudo o que Barusco representa na Lava-Jato. Foi preso em 2014, confessou que era ladrão, disse que devolveria os US$ 98 milhões, foi condenado a 47 anos e sete meses de prisão. Delatou, ficou menos de um ano preso e foi solto em fevereiro de 2015. Passou a frequentar as praias de Angra, onde tem uma mansão, e agora está zerado.

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O gerente saiu da cadeia quando prometeu devolver o dinheiro e quando delatou o PT como recebedor de propina equivalente a pelo menos 1% dos contratos da Petrobras. O PT teria conseguido US$ 200 milhões. Ele, como gerente, captou a metade do dinheiro que teria sido conseguido pelo partido no poder.

A Lava-Jato aceitou que Barusco agia sozinho. Todos tinham chefe no esquema da estatal, em todos os partidos. Mas Barusco, não. Barusco roubava só pra ele.

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A Lava-Jato acredita que o Brasil acredita que Barusco era o mais esperto de todos os gerentes médios do mundo, o cara que achacava empreiteiros para juntar mais de R$ 300 milhões. O mais imbecil dos brasileiros não acredita nessa história.

Barusco foi poupado de dizer para quem roubava porque agia desde 1997 nos governos tucanos. Roubou por sete anos, de 1997 a 2002, nos governos de Fernando Henrique. E continuou roubando, na inércia, porque a engrenagem andava sozinha, nos governos do PT.

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Nunca em nenhum momento alguém ficou sabendo para quem Barusco roubava. Só sabiam os que participavam do esquema nos governos do PSDB, quando ele começou a roubar.

Como seria possível que um gerente médio arrancasse só pra ele mais de R$ 300 milhões em propinas? Por que as empreiteiras pagariam tanto dinheiro a um gerente sem poder político?

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Mas a Lava-Jato nos vendeu que Barusco era o único ladrão avulso. Porque a operação não podia mexer no que ele sabia. Barusco poderia indicar os tucanos para quem trabalhava, como fizeram os outros denunciados e processados pela captação de propinas. Mas não disse nada porque não pediram que dissesse.

Alguns argumentam que ele poderia indicar cúmplices com foro privilegiado, e aí esculhambaria com a Lava-Jato de Curitiba, que não tem esse poder. Mas é apenas desculpa.

Em maio do ano passado, a juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, mandou que, além dos mais de R$ 300 milhões devolvidos antes, Barusco teria mais R$ 100 milhões recebidos como propina. E deveria devolver também esse dinheiro. Não se sabe se devolveu.

Barusco é o símbolo da impunidade dos tucanos na Lava-Jato. Poderia ter dito para quem roubava nos governos do FH. Quem eram seus chefes, como era a partilha do dinheiro. Mas não sabemos nada.

Com o dinheiro que roubou e confessou ter depositado na Suíça e com mais os R$ 100 milhões que a juíza mandou que também devolvesse, Barusco e seus parceiros ocultos poderiam comprar 190 apartamentos tríplex iguais ao do Guarujá, que a Lava-Jato atribuiu a Lula e o condenou por isso. Vamos repetir, em letras maiúsculas: CENTO E NOVENTA APARTAMENTOS.

Barusco está solto, sem tornozeleira, com créditos a receber da Justiça, sem qualquer incomodação. Todos os tucanos corruptos estão impunes e soltos. E Lula está preso.

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