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Brasil 'amarra as próprias mãos' ao não discutir tecnologia 5G com Huawei, alerta especialista

O Brasil deveria aproveitar a disputa entre os Estados Unidos e China na corrida pelo 5G para se beneficiar e conseguir melhores acordos, diz o cientista político Maurício Santoro

(Foto: Reuters)
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Sputnik - O Brasil planeja assinar nas próximas semanas uma declaração com os governos dos Estados Unidos e Japão em que os três países defendem uma rede de telecomunicações confiável e segura em mais um gesto que tem como alvo a empresa chinesa Huawei.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e especialista em política chinesa, disse que o Brasil "amarra as próprias mãos" ao não discutir implantação da tecnologia 5G com a Huawei.

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"Ao excluir uma das principais empresas do setor simplesmente porque ela é uma companhia chinesa, porque ela tem um vínculo com o Estado chinês, o Brasil está amarrando as próprias mãos em termos de conseguir acordos mais vantajosos", afirmou.

Santoro lembrou que a tecnologia 5G será fundamental para o país não ficar "para trás" no desenvolvimento tecnológico global.

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"Toda essa questão do 5G tem um papel fundamental para o desenvolvimento de uma série de novas tecnologias que vão ser cruciais para a Quarta Revolução Industrial, como Internet das coisas, veículos autoconduzidos", disse.

Para o especialista, o Brasil deveria aproveitar a disputa entre os Estados Unidos e China na corrida pelo 5G para se beneficiar e conseguir melhores acordos.

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"O que o governo brasileiro deveria fazer é aproveitar essa rivalidade entre a China e os Estados Unidos para extrair o máximo possível de cada parceiro. Pensando, por exemplo, em transferência de tecnologia, em parcerias econômicas, em transformar o leilão do 5G em algo que pudesse estimular o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro", declarou.

O chamado diálogo trilateral Japão-EUA-Brasil deverá defender valores comuns desses países na Ásia e na América Latina, mas tem como objetivo principal criar mais um fórum de contraposição à China.

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O cientista político pensa, no entanto, que no atual cenário é difícil o Japão cumprir o papel exercido pela China no Brasil e no continente.

"O Japão hoje não tem como oferecer para o Brasil aquilo que os chineses fazem. O comércio da China com o Brasil é mais de dez vezes maior do que o comércio do Brasil com o Japão", explicou.

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Maurício Santoro ainda foi além e lembrou que o Japão não possui o mesmo nível de desenvolvimento tecnológico que a China possui.

"A China hoje conseguiu ter uma tecnologia muito avançada em áreas-chave como o próprio padrão 5G de Internet, onde o Japão não é um concorrente. É absolutamente impossível que o Japão preencha esse espaço que a China tem hoje para a economia e para o sistema financeiro brasileiro", declarou.

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Segundo a reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o acordo entre o Brasil, EUA e Japão independe do resultado das eleições nos EUA.

Santoro vê que, de fato, o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos não deve interferir no posicionamento do país em relação à China.

"Hoje em dia existem muitas coisas que separam os democratas dos republicanos nos Estados Unidos, mas você tem um grande tema que une os dois partidos: a hostilidade à China e o medo da ascensão chinesa", disse.

Segundo o professor da UERJ, caso Biden seja eleito, Bolsonaro pode adotar uma postura ainda mais ríspida com o governo chinês.

"Provavelmente a cartada que o Bolsonaro teria na mão, para tentar manter um diálogo com o governo americano, seria assumir uma posição ainda mais crítica à China do que ele vem tendo até agora", completou.

O leilão de frequências do 5G no Brasil está previsto para ocorrer em 2021. Depois dele, as operadoras deverão escolher seus fornecedores.

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