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Brasília decide e Vila Planalto vai dar samba

Arquitetos, urbanistas, polticos e moradores definiram os prximos passos para revitalizar e transformar o bairro de pioneiros em um espao de boemia. Emendas destinam R$ 2,5 milhes para as melhorias

Brasília decide e Vila Planalto vai dar samba (Foto: Andressa Anholete / 247)

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Naira Trindade_ Brasília247 – Recanto de pioneiros que trabalharam na construção de Brasília, a Vila Planalto recebeu nesta quarta-feira (23), durante um almoço no Restaurante Casarão, um grupo de arquitetos, urbanistas, políticos e moradores preocupados com a preservação e conservação do bairro. No cardápio, mais que pratos suculentos, a proposta de recuperar a Vila e transformar esse cantinho, que fica atrás da Praça dos Três Poderes, num recanto de boemia. A recém lançada ideia nasce grande, pois vai receber duas emendas que serão apresentadas pelo deputado federal Luiz Pitiman (PMDB), que destinam R$ 2,5 milhões para melhorar a iluminação pública, as calçadas e os pontos turísticos, como o conjunto de casas Fazendinha, que está decadente.

Ainda preliminar, a proposta de fazer da Vila Planalto um aconchegante espaço para diversões noturnas, com música ao vivo, precisa ser aprofundada pelos seus idealizadores: a neta de Oscar Niemeyer, Ana Lúcia; o superintendente no Distrito Federal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Distrito Federal, Alfredo Gastal; o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Paulo Henrique Paranhos; e o deputado Luiz Pitiman. Num almoço descontraído, no sábado (19), os quatro chegaram à conclusão de que podem trabalhar juntos para mudar a realidade da Vila, que perde suas características de interior para a especulação imobiliária.

Apoiados pelo grupo que se reuniu no almoço de quarta -- como o ex-superintendente do Iphan, o arquiteto Carlos Magalhães, o ex-secretário de Cultura, jornalista Silvestre Gorgulho, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Júlio Peres, o engenheiro civil Mauro Dutra, o arquiteto Carlos Lima Verde e o presidente da Associação dos Moradores da Vila Planalto, Vantuil Paulo de Santana -- eles começarão na sexta-feira (25), na sede do Instituto de Arquitetos, na Asa Sul, a traçar as metas para melhorar a comunidade que hoje abriga 1,8 mil unidades habitacionais e cerca de 12 mil habitantes.

Recursos

As duas emendas de autoria do deputado Luiz Pitiman para a Vila Planalto serão apresentadas nesta quinta-feira (24) na Câmara dos Deputados. Elas destinam recursos do Ministério do Turismo para projetos de infraestrutura, conservação, preservação e valorização de pontos turísticos. A primeira delas destina R$ 1,5 milhão para a restauração de infraestrutura básica, como deixar as ruas mais iluminadas para receber as pessoas à noite e espalhar calçadas com acessibilidade.

O Conjunto Fazendinha – que será beneficiado com R$ 1 milhão – é um complexo do governo do Distrito Federal com cinco casas de madeira construídas em 1957, antes da inauguração de Brasília. Sem restauração, as paredes e os armários são devorados por cupins (foto). O risco de desabar em alguns cômodos fez com que a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, órgão responsável pelo espaço, retirasse de lá parte das 300 crianças que recebiam reforço escolar. Atualmente, cerca de 50 alunos revezam entre manhã e tarde para receber aulas extracurriculares.

Os recursos das emendas estarão disponíveis para o governo local a partir de janeiro de 2012. O grupo de trabalho pretende concluir o projeto de revitalização até o final de março do ano que vem, para que, enfim, implantar as melhorias. “A destinação de recursos já é o primeiro grande passo desse trabalho”, diz o arquiteto Carlos Lima Verde. Para iniciar o projeto, Silvestre Gorgulho sugere conhecerem os percalços da Vila Planalto: “É preciso saber quantos prédios irregulares existem e delimitar a poligonal de construção”.

O superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, manifestou preocupação com os interesses imobiliários. “O sonho dos especuladores é erguer espigões aqui, mas isso não vai acontecer”, garantiu. O arquiteto Carlos Magalhães, que também foi secretário de Obras de 1985 a 1988, acredita que o projeto vai funcionar se o governo regulamentar o uso da terra na Vila Planalto, derrubando as construções de três pavimentos, que apesar de proibidas surgem descontroladamente. Ele também teme a especulação imobiliária: “O próprio Lucio Costa previa a fixação da Vila Planalto, mas é preciso controlá-la”.

Ao seu lado, o arquiteto Paulo Paranhos comemorou o debate aberto durante o almoço como uma maneira sensata de se discutir assuntos relevantes para a comunidade. “O que estamos fazendo é debater as necessidades com a sociedade, muito diferente do que aconteceu com a quadra 901 Norte, quando o governo fez um projeto e tentou executá-lo contra os interesses da comunidade”, diz. “Dessa forma, a ideia tem tudo para dar certo.”

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