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Brasil

Brasília desfigurada

Numa cidade onde as pessoas morrem à míngua nas portas dos hospitais, trabalhadores sérios se espremem em ônibus sucateados para ganhar o pão de cada dia

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Nunca fui de defender o urbanismo de Brasília. Aliás, numa cidade onde as pessoas morrem à míngua nas portas dos hospitais, trabalhadores sérios se espremem em ônibus sucateados para ganhar o pão de cada dia e os alunos ainda estudam em escolas de lata, pensar se a construção de meia dúzia de prédios numa área desabitada vai ou não interferir no título abstrato de um tombamento deveria ser preocupação para um segundo momento.

Nunca consegui entender por que os governadores assinam decretos ou sancionam leis para proteger um espaço ou um jardim quando, nas salas de cirurgias dos hospitais públicos, faltam esparadrapos para cobrir as feridas dos doentes. Quando médicos usam furadeiras de pedreiros nas intervenções cirúrgicas por não ter o equipamento correto ou quando os alunos de escolas públicas são convencidos por traficantes que têm acesso às frágeis salas de aulas a repassar adiante um pacotinho de pó em troca de alguns reais.

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Reais, aliás, é o nome da moeda que falta no bolso de milhares de brasilienses de classe média baixa que convivem com o desperdício de empresários e de especuladores na supervalorização do sonho da casa própria. Se um dia tive dificuldade de entender Brasília, hoje conheço bem o que a maléfica ambição de um grupo pode fazer com a conquista do sonho. De um sonho de Dom Bosco, mas que me acolheu e passou a ser o desejo concreto de muita gente.

Um grupo de sábios arquitetos e urbanistas anônimos é responsável por mudar meu pensamento. Diariamente, técnicos amantes de Brasília se sentam em frente a um computador para mostrar – a partir de uma tela – que Brasília precisa ser protegida. Destilam conhecimento aprofundado no interesse único de proteger mais uma árvore assassinada por obras sem sentido do governo.

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Ensinam que cada árvore aqui plantada foi categoricamente planejada. E que a degradação do cerrado vai tirar as pessoas das áreas livres de Lucio Costa e desfigurar o projeto original. Esses anônimos mostram que o tombamento não é um mero título abstrato, mas o ponto de partida para que exijamos mais respeito nas obrigações do Estado com saúde, educação, transporte e segurança.

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