Carlos Lungarzo: confissão de Battisti é um acordo por melhores condições na prisão
Em entrevista à TV 247, o autor da biografia de Cesare Battisti, Carlos Lungarzo, afirmou que acredita que a confissão do ativista italiano sobre sua participação em quatro homicídios é um acordo entre ele e a procuradoria-geral da Itália para que não perca as mínimas condições que tem na prisão atual; assista
247 - Na última segunda-feira, 25, o ativista italiano Cesare Battisti confessou ante juiz que é o culpado por 4 homicídios cometidos em 1970. O autor da biografia do ex-ativista e um dos maiores pesquisadores do tema, Carlos Lungarzo, afirmou que a confissão é um acordo.
"O 41-bis existe na Itália e é um grande escândalo. Foi condenado e criticado pelo menos 11 vezes pelas Nações Unidas, e apesar disso a Itália não desiste dele. Minha conjectura é de que ele foi, de alguma maneira, pressionado pela procuradoria-geral da Itália de que se ele não aceitasse um acordo para confessar ele poderia ser mandado ao 41-bis. Essa suspeita está fundada em 5 ou 6 opiniões muito confiáveis".
Ele explica que Battisti está em uma prisão que oferece condições dignas a Battisti. A situação dele é satisfatória, é uma prisão mais humana, não é uma prisão sueca ou norueguesa mas também não é brasileira. Esta prisão está na ilha de Sardenha em uma pequena cidade que se chama Massama, o quarto de Cesare é de 3x3 metros, tem um banheiro individual, tem um pequeno fogão e ele está pode ler".
A chamada 41-bis é uma prisão muito mais rigorosa e com condições deploráveis para os detentos, por isso Lungarzo acredita que Battisti foi pressionado a reconhecer os crimes em troca de permanecer na prisão que está atualmente. "O isolamento a qual ele está submetido é um isolamento no sentido de que ele não pode se encontrar com outros detentos, isso é uma barbariedade, eu repudio profundamente, mas não é o isolamento que haveria no 41-bis. No 41-bis o isolamento é absoluto, você não tem acesso a luz do sol, não tem acesso a nenhuma pessoa e há auxílio médico uma vez a cada 6 meses. No 41-bis, nos últimos 20 anos, houve, não se sabe muito bem, entre 30 e 50 suicídios".
Carlos Lungarzo explica que a prisão de Battisti é como um troféu para a justiça italiana. "Para os fascistas e seus aliados, que são maioria na Itália, é um troféu. Nos últimos 6, 7 anos a procuradoria de Milão quer mostrar Justiça. Eu acho que é essa vantagem que eles tiram, mostrar certa lisura e tentar nivelar-se com o resto da Europa desenvolvida". Ele lembra que a luta agora é para que a pena de Battisti seja reduzida ao mínimo possível.
