Clientes da Odebrecht e de João Santana fora do País coincidem
Publicitário e a esposa, Mônica Moura, prestaram serviços de marketing político nos últimos anos em países onde a empreiteira tem projetos e serviços em andamento; fato pode reforçar a linha de defesa do casal, que pretende argumentar que o dinheiro recebido em contas no exterior se refere a campanhas realizadas fora do Brasil
247 – O jornalista e publicitário João Santana prestou serviços de marketing político, junto com a esposa e sócia, Mônica Moura, em países onde a Odebrecht possui clientes e projetos em andamento nos últimos anos, como Angola, Venezuela, Panamá e República Dominicana, segundo reportagem de Fernando Torres e Marcos de Moura e Souza, publicada hoje no Valor Econômico.
A coincidência de clientes da empreiteira, investigada na Operação Lava Jato, e os lugares onde João Santana trabalhou recentemente pode reforçar a linha de defesa do casal, que pretende argumentar que o dinheiro recebido em contas no exterior se refere a campanhas realizadas fora do País.
Se consistente, a linha de defesa deverá tirar do foco a prestação de serviços do marqueteiro no Brasil, onde fez diversos trabalhos para o PT, como as duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, a campanha à reeleição de Lula, em 2006, e a do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que se elegeu em 2012.
Segundo a própria Polícia Federal, os recursos recebidos por João Santana por essas campanhas foram devidamente declarados e não há caixa 2. Os investigadores da Lava Jato calculam que o publicitário tenha recebido, por suas empresas de marketing político, R$ 171 milhões por serviços prestados a campanhas políticas do PT entre 2006 e 2014, declarados à Justiça.
Uma fonte ouvida pelo Valor, conhecida de João Santana, conta que "pagamentos não registrados, feitos às vezes de maneira triangulada são práticas ainda comuns em campanhas eleitorais em diversos países da América Latina, onde os controles da justiça eleitoral são muito mais frouxos que no Brasil".
E não entende por qual motivo o publicitário receberia cerca de R$ 100 milhões devidamente declarados por campanhas do PT no Brasil e "contaminaria a campanha de Dilma e arriscaria sua liberdade para receber um valor bem inferior supostamente por vias ilegais". Segundo a PF, João Santana recebeu US$ 3 milhões via offshores da Odebrecht e outros US$ 4,5 milhões de offshores ligadas ao engenheiro Zwi Skornicki, que também foi preso na 23ª fase da Lava Jato.
