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Cooperação internacional, usada para justificar ação da Lava Jato, só foi formalmente firmada um ano após acordo com Odebrecht

Dados do termo de cooperação internacional firmado pela PGR com a Suíça chegaram ao Brasil em outubro de 2017, quase um ano depois do acordo, assinado em dezembro de 2016

Cooperação internacional, usada para justificar ação da Lava Jato, só foi formalmente firmada um ano após acordo com Odebrecht (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

247 - O alegado termo de cooperação internacional firmado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com a Suíça, utilizado pelos integrantes da extinta força-tarefa da Lava Jato para rebater as acusações de irregularidades na troca de informações sobre a operação, “só entrou em vigor quase um ano depois de o acordo de leniência da Odebrecht ter sido firmado”, diz a jornalista e apresentadora da GloboNews Daniela Lima no G1. 

A revelação ocorre uma semana após o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar como “imprestáveis” todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da Odebrecht, o que inclui a troca de informações com outros países no contexto da operação. Em resposta, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) apresentou dados apontando que o acordo de leniência da Odebrecht foi assinado em 1º de dezembro de 2016, incorporando informações previamente obtidas na Suíça. >>> Toffoli anula todas as provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht no maior revés da Lava Jato

“Formalmente, porém, esses dados – e as senhas para acessá-los– só chegaram ao Brasil quase um ano depois, no dia 2 de outubro de 2017”, destaca a reportagem. Os dados e informações sobre o caso foram rechecados pelo órgão do Ministério da Justiça responsável por acordos internacionais e enviados, portanto, ao ministro Dias Toffoli na terça-feira (12). >>> "Um dos maiores erros judiciários da história do país", diz Toffoli sobre prisão de Lula em decisão 

A ANPR, porém, argumenta que o acordo de leniência da Odebrecht incluiu dados fornecidos voluntariamente pela empresa no início das negociações. Esses dados foram entregues diretamente pela empresa, que contratou uma terceira parte independente para garantir a integridade das informações. Além disso, buscando validar a integridade dos arquivos fornecidos pela empresa, uma segunda cópia foi obtida através de cooperação internacional com a Suíça.>>> Após Toffoli anular provas do acordo de leniência da Odebrecht, MP pede que TCU reabilite empresas punidas pela Lava Jato

O documento, porém, destaca que o pedido de cooperação internacional foi feito em processo distinto ao relativo à leniência da Odebrecht. “Pessoas que acompanham os desdobramentos do caso apontam para o risco de o STF entender que houve uma ação coordenada, Lava Jato e PGR, à época chefiada por Rodrigo Janot, para "esquentar" indícios que, formalmente, à época da negociação com a Odebrecht, não tinham nem como ser acessados pelas autoridades brasileiras” finaliza a reportagem.