CUT: propostas de Bolsonaro fomentam violência e não geram emprego
Presidida por Vagner Freitas, a instituição afirma que "As propostas do candidato de extrema-direita à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) fomentam o ódio e a violência na sociedade brasileira e não têm sequer uma solução para gerar emprego e renda, aquecer a economia e promover o desenvolvimento econômico, com justiça e inclusão social"
247 - "As propostas do candidato de extrema-direita à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) fomentam o ódio e a violência na sociedade brasileira e não têm sequer uma solução para gerar emprego e renda, aquecer a economia e promover o desenvolvimento econômico, com justiça e inclusão social", diz a Central Única dos Trabalhadores em texto divulgada no site da instituição.
"O economista Paulo Guedes, guru de Bolsonaro e anunciado como futuro ministro da Fazenda em um eventual governo do ex-militar, apresentou sem constrangimento propostas que favorecem suas próprias empresas, além das que prejudicam fortemente a classe trabalhadora e a população mais pobre, como o fim do descanso semanal ao trabalhador rural, o aumento da alíquota do imposto de renda para os mais pobres, menos direitos trabalhistas, como o fim do 13º salário – proposta feita pelo seu candidato a vice, General Mourão -, o fim do combate ao trabalho análogo à escravidão e a volta da CPMF", critica.
As propostas, que seriam uma tragédia para os trabalhadores e trabalhadoras, dialogam com o comportamento do candidato nas votações na Câmara dos Deputados. Bolsonaro disse sim a proposta de aumento do próprio salário e um sonoro não à PEC das Domésticas, que garante o mínimo de direitos e dignidade a essa parcela considerável da classe trabalhadora brasileira, além de votar a favor da reforma Trabalhista, que acabou com mais de 100 artigos da CLT e legalizou o bico e todas as formas fraudulentas de contratação, e da PEC do Fim do Mundo, que congelou por 20 anos os investimentos em áreas públicas como saúde e educação.
Para a professora de economia da USP Leda Paulani, ao votar contra as domésticas e pelo fim de 100 itens da CLT, Bolsonaro demonstra que "entende de economia tanto quanto ela entende de física quântica", ironiza. "Uma vitória desse candidato aprofundaria ainda mais a crise e a perda de outros direitos básicos, como o 13º salário e as férias remuneradas, assim como propõe o vice na chapa dele, o General Mourão", alerta a professora de economia.
"Ele é contra todos os direitos relacionados à população mais vulnerável, que trabalha sem direitos. Por isso, é evidente que ele não apoiaria um projeto que protege os direitos das trabalhadoras domésticas", diz a professora.
O mesmo se pode dizer sobre o voto de Bolsonaro a favor da PEC do Fim do Mundo. A professora explica que congelar os investimentos públicos por 20 anos faz parte de uma visão de controle do Estado pela iniciativa privada. Com isso, diz ela, o mercado financeiro garante o pagamento da dívida, mas constrange o Estado, impedindo o governo de intervir na economia e fazer investimentos públicos que alavanquem o desenvolvimento de um país.
Para Leda, um governo sob a presidência de Bolsonaro e sob a gerência do economista Paulo Guedes fará com que o mercado financeiro trabalhe sem uma intervenção necessária do Estado.
"Será, na verdade, uma interferência do mercado financeiro, que se apresenta como eficiente e capaz de produzir os melhores resultados, fazendo com que oEstado brasileiro fique impedido de fazer políticas que reduzam a desigualdade econômica e social".
Ela destaca, ainda, que em nenhum país do mundo isso ocorreu. "Houve ajustes por dois ou três anos, mas por 20 anos, jamais".
Bolsonaro defende fim de descanso para o trabalhador rural
Entre as propostas apresentadas por Jair Bolsonaro está a de que o trabalhador e a trabalhadora do campo não pode parar no Carnaval, sábado, domingo e feriado, caso contrário, diz ele, "a planta vai estragar, ele tem que colher. E fica oneroso demais o homem do campo observar essas folgas nessas datas, como existe na área urbana".
Para o economista da Unicamp, Marcelo Manzano, não faz sentido defender que o trabalhador do campo não tenha os mesmos direitos que o trabalhador da cidade, até porque em geral sua atividade é muito mais desgastante.
"A folga semanal remunerada é uma conquista do século 19, quando os próprios patrões se deram conta de que era preciso manter os trabalhadores em condições minimamente saudáveis", diz o economista.
"É bom lembrar que nas atividades da indústria ou dos serviços urbanos também existem inúmeros casos em que a produção ou o atendimento é ininterrupto, mas nem por isso quem ocupa uma função nestes casos trabalha sete dias por semana. Assim, o rodízio de turnos que funciona nas cidades pode ser feito da mesma forma nas atividades agrícolas", afirma Manzano.
*Com informações da CUT
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