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Brasil

Cynara Menezes: doação de Armínio Fraga a candidato negro deixa o PSOL em polvorosa

Setores do PSOL ameaçam impugnar candidatura de Wesley Teixeira se não devolver os 30 mil reais; militantes negros veem "racismo"

Wesley Teixeira (Foto: Brasil 247/divulgação)
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247 - "O anúncio de que o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, doou 30 mil reais a Wesley Teixeira, um candidato negro a vereador de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, está deixando o PSOL em polvorosa nas redes sociais. Militantes do movimento negro acusam o partido de 'racismo' e de querer impugnar a candidatura de Teixeira se não devolver a doação. Do outro lado, militantes do PSOL consideram inadmissível a um socialista receber doação de alguém do mercado financeiro", escreve em seu blog a jornalista Cynara Menezes, a Socialista Morena .

"A doação de Fraga a Teixeira foi articulada num encontro virtual promovido por Pedro Abramovay, diretor da Open Society Foundations para a América Latina, do qual participaram também os cineastas João e Walter Salles, herdeiros do banco Itaú, e Bia Bracher, escritora e também herdeira do banco. Todos fizeram doações ao candidato. Em seu perfil no facebook, Abramovay explicou que sua intenção era promover a aproximação entre setores progressistas da elite do país e as candidaturas de negros e mulheres em 2020.

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Abramovay garantiu que nenhuma exigência foi feita por parte do economista para a doação

“Estou convencido que para derrotar o autoritarismo e construir um projeto progressista, precisamos ver negros e mulheres ocupando os espaços de poder e liderando essas mudanças. Por isso é tão necessário olhar e apoiar negros e mulheres nessas eleições”, escreveu Abramovay. “Organizei, junto com Sueli Carneiro, uma reunião online com algumas pessoas do topo da pirâmide no Brasil, que eu sei que estão preocupadas com o crescimento do autoritarismo no Brasil e também com o racismo.”

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"Ele garantiu que nenhuma exigência foi feita por parte de Armínio para a doação, mas que setores do partido não receberam bem a notícia", escreve Cynara. 

“Alguns setores do PSOL ficaram indignados com a possibilidade de Wesley receber dinheiro de setores da elite. Claro que isso já aconteceu com outros candidatos (quase todos brancos) e até com doações ao partido. Mas para o jovem negro da baixada, que precisa dos recursos para sobreviver (política e fisicamente) nessa campanha, era demais. Exigiram que Wesley devolvesse o dinheiro, o que me parece uma falta de compreensão do que está acontecendo no Brasil. O fascismo não será derrotado sem diálogo com outros setores", diz Abramovay.

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Nas redes sociais, o tema dividiu a militância de esquerda. Enquanto a maior parte dos negros ficou do lado de Teixeira, muitos psolistas também viram contradição do candidato em aceitar o dinheiro –segundo a revista Veja, Armínio doou tanto para o PSOL quanto para o neoliberal partido Novo. Pedro Duarte, candidato do Novo a vereador no Rio, recebeu 25 mil reais.

No twitter, um dos críticos mais duros à posição do PSOL sobre a doação foi o historiador negro Douglas Belchior, que, em 2018, já havia acusado o partido de racismo na distribuição dos recursos financeiros entre os candidatos. Belchior chamou de “hipócrita” a postura da legenda de recusar doações de “branco rico”, enquanto as “estrelas” do partido as aceitariam sem pestanejar.

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A filósofa Sueli Carneiro, fundadora do Geledés, também saiu em defesa de Wesley, para quem gravou vídeo de apoio à candidatura.

Os militantes negros receberam ainda o apoio de progressistas famosos (e brancos), como os humoristas Marcelo Adnet e Gregório Duvivier.

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"O PSOL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. O que se sabe até agora é que a resistência à doação de Armínio Fraga não partiu do diretório nacional do partido, mas da direção local em Duque de Caxias e da corrente que Wesley integrava dentro da legenda, a Insurgência. Teixeira decidiu abandonar a tendência", informa Cynara.

"Mas o debate sobre o racismo no PSOL já havia sido colocado em pauta durante outro processo que quase impediu a candidatura a vereadora de outra jovem periférica negra, Thais Ferreira, comparada por setores do partido a Tabata Amaral por ter feito, como ela, o curso de formação política do RenovaBr. Um manifesto em favor da candidatura de Thais, que é primeira suplente de deputada estadual e recebeu quase 25 mil votos em 2018, reuniu mais de 500 assinaturas.

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Entre os nomes importantes do partido no cenário nacional, o único a defender publicamente a candidatura de Wesley até o momento foi Marcelo Freixo, que disse no twitter ser “inaceitável” qualquer tentativa de prejudicá-lo", conclui Cynara Menezes.

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