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Brasil

Delegada que investigava atos antidemocráticos e pediu busca no Planalto foi retirada do caso

A delegada Denisse Ribeiro foi retirada das investigações sobre atos pró-golpe, após pedir buscas no Planalto. Agente queria provas de que o governo distribuía dinheiro para canais bolsonaristas que estimulavam um golpe. A investigadora foi afastada do caso pela PF

Delegada Denisse Ribeiro (Foto: Reprodução | Pedro França/Agência Senado)
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247 - A delegada responsável pela Operação Lume, Denisse Ribeiro, foi retirada da investigação 14 dias após pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para uma busca e apreensão no Palácio do Planalto, sede do governo federal. 

O pedido para a realização da segunda fase da ação, que investiga a organização e o financiamento de atos pró-golpe, foi feito em 25 de junho de 2020. Investigadores tinham como objetivo procurar provas de que agentes públicos distribuíram dinheiro do governo para canais bolsonaristas que estimulavam movimentos na internet e nas ruas pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo, e a volta do AI-5 (Ato Institucional número 5), o mais duro dos anos da Ditadura Militar (1964-1985).

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Os alvos da delegada seriam a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que funciona dentro do Planalto, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, os endereços do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e um canal bolsonarista no YouTube. As informações foram publicadas pelo portal Uol.

Oito dias após o pedido ser enviado ao STF, Jair Bolsonaro teve uma reunião com o então ministro da Justiça, André Mendonça, de acordo com a agenda oficial de 2 de julho. Em 6 de julho, o titular da pasta se encontrou com o diretor-geral da PF na época, Rolando Alexandre de Souza. 

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Após esses encontros, no dia 9 de julho, o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Igor Romário, transferiu, por ordem de Souza, a investigação do setor de Denisse para o Sinq (Serviço de Inquéritos), órgão que também funciona na sede da PF. A direção apresentou como justificativa oficial a de que apenas o Sinq poderia conduzir investigações (o SPE, onde Denisse estava lotada, é um setor administrativo e de planejamento).

Outro lado

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O diretor-geral da PF da época, Rolando Alexandre de Souza, afirmou que a saída de Denisse do caso não teve relação com o pedido de buscas feito por ela. "Alexandre de Moraes (...) é o presidente do inquérito e, se existe alguém que não admitiria qualquer interferência, seria ele", disse. "Se ele não se importou com base em tudo que foi dito e explicado, o que dirá os outros", continuou.

A pedido da corporação, a policial fez um relatório parcial das investigações que incluía, também, a informação sobre a sua saída. O documento foi remetido ao relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes. Mas já existia uma ordem do magistrado para que ela e outros delegados fossem mantidos no inquérito dos atos antidemocráticos. As buscas, porém, nunca foram realizadas.

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Souza disse que, apesar de o primeiro despacho ordenar a troca de setor e de delegados do caso, Denisse conduziria as investigações da Operação Lume, mas em outro setor. "Ela iria junto: o inquérito iria para o Sinq, com ela junto", afirmou. "Só que ela não quis ir pro Sinq", complementou.

O ex-diretor da PF contou ter discutido o tema por telefone com Moraes, do STF, explicando a situação. "O único local na sede em que se toca inquérito é dentro do Sinq", afirmou. 

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De acordo com o ex-dirigente, definiram que a delegada continuaria no caso, mas na unidade regional de Brasília. "Ele concordou”, afirmou.

O ex-diretor da PF disse não ter tratado da possível busca no Planalto na conversa com Moraes. "Nunca ninguém falou de mandado de busca".

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Questionado pelo Uol se tratou do tema com o então ministro da Justiça, André Mendonça, Souza disse que "todo mundo sabia".

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