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Depois de onda de pânico, PMs encerram greve no Ceará

Estado aceita parte das reivindicaes e os cerca de 10 mil policiais militares e bombeiros voltaram aos quartis na madrugada; no entanto, policiais civis agora cruzaram os braos

Depois de onda de pânico, PMs encerram greve no Ceará (Foto: DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO)

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247 com Agência Estado - Terminou na madrugada desta quarta-feira, 4, a greve dos cerca de 10 mil policiais militares e bombeiros no Estado do Ceará. As duas associações que representam a categoria decidiram entrar em acordo com o governo estadual e aprovaram um documento assinado por todas as partes envolvidas no processo.

Parte das reivindicações dos militares foi aceita pelo governador Cid Gomes. No acordo firmado entre governo e policiais, os grevistas devem se apresentam nos seus quartéis até a meia-noite de hoje; em contrapartida, o governo concede anistia ampla e irrestrita a todos os que participaram do movimento grevista nos últimos cinco dias.

Além disso, serão pagos R$ 850,00 a todos os policiais que atuam nos turnos da manhã e tarde, gratificação que era paga apenas aos militares que trabalhavam no turno C (madrugada) das escalas de serviço. O governo também aceitou diminuir de 44 para 40 horas semanais a carga horária na escala de todos os policiais.

Outro item do acordo é o aumento salarial de 7%. Os militares exigiam aumento salarial de 80% até o fim de 2015. Para a categoria também foi prometida a anulação da liminar da desembargadora Sérgia Maria Mendonça Miranda, do Tribunal de Justiça do CE (TJ-CE). A magistrada, em decisão tomada na noite de segunda-feira, ordenou a volta imediata dos militares e multa de R$ 500,00, por dia, para cada um deles em caso de desobediência à ordem judicial, e de R$ 15 mil para as associações que representam a categoria.

Polícia Civil

À noite, os policiais civis, que também lutam por reajuste salarial, decidiram voltar à greve, desta vez com adesão de 100%. O sindicato da categoria (Sinpoci) alegou que a Polícia Militar conseguiu promessa de aumento, enquanto a categoria, em cinco meses, em 2011, fez a paralisação conforme a lei e não conseguiu êxito.

Em 14 de dezembro de 2011, a mesma desembargadora já havia reconhecido a ilegalidade de uma greve dos policiais civis após o Estado impetrar pedido de liminar. Na ocasião, a magistrada ressaltou que o direito de greve não era absoluto, principalmente no que dizia respeito à prestação de serviço público e, em especial, à segurança pública. Ainda segundo a desembargadora, embora reconhecendo justas as pretensões da categoria em discutir condições de trabalho e remuneração, teria que ser ponderado o interesse público e a necessidade de se dar continuidade ao serviço essencial.

Em relação à greve iniciada na noite de ontem, o Sinpoci informou que líderes do movimento estão percorrendo diversas delegacias para convocar inspetores e escrivães a aderirem à paralisação. Eles pretendiam dirigir-se para o prédio da Superintendência da Polícia Civil, onde ocorria uma concentração de grevistas. Apenas os delegados devem permanecer nas delegacias. A paralisação da Polícia Civil é a terceira registrada em menos de um ano. O sindicato da categoria já havia promovido greves em julho e em outubro de 2011.

Na primeira paralisação, os grevistas haviam suspendido a greve após um mês. Já a greve de outubro só terminou em dezembro, após a Justiça considerar o movimento ilegal e determinar que os grevistas suspendessem a paralisação. Ainda assim, desde dezembro apenas 30% do efetivo da Polícia Civil, o mínimo exigido pela Justiça, estava trabalhando. Segundo o sindicato, a categoria quer a redução da carga horária de oito para seis horas diárias, reajuste salarial e o pagamento de um subsídio equivalente a cerca de 60% do valor pago aos delegados de polícia do Estado.

Onda de pânico tomou as ruas de Fortaleza

Diego Iraheta _247 - O pânico ganhou as ruas de Fortaleza. Dezenas de comerciantes fecharam as lojas com medo de assaltos. Desde o início da greve de policiais miliares e bombeiros, no dia 29, uma onda de arrastões tomou conta da capital cearense. “Os assaltantes chegam em kombi; de repente, saltam umas dez pessoas e invadem supermercado, como já presenciamos”, contou ao 247 o atendente Elivelton Magalhães, de 20 anos. Ele trabalha em uma famosa rede de lanchonetes no centro de Fortaleza, que só está abrindo o drive-thru – como medida de segurança. “Aqui na [avenida] José Bastos, tem muita loja que está com portas fechadas”, arremata.

No Twitter, a hashtag #CaosEmFortaleza é um dos assuntos mais comentados desta terça-feira, 3. A cantora Katiane Araújo pensou em ficar em casa para se proteger. “Gente estou em pânico, hj não saio de casa!! Estou com muito medo, cadê o governador??Fortaleza parou!! Como é q eu vou trabahar hj! Socorro”, tuitou. “Aki em Fortaleza tá parecendo a simulação do fim do mundo”, resumiu o tuiteiro @FinnSincero. O mimimi geral provocou desconfianças sobre a veracidade das ocorrências na cidade – especialmente porque os jornais locais não estariam dando espaço para os arrastões.

O Brasil 247 entrou em contato com o comando da 10ª Região Militar do Exército Brasileiro para saber a real situação de segurança nas ruas de Fortaleza. Uma fonte que pediu para não se identificar confirmou que está elevado o número de arrastões na cidade. “Principalmente na periferia, em Messejana. As pessoas são roubadas nas ruas. Mas os militares estão nos pontos turísticos da cidade. Lá, não há perigo”, revelou ao 247.

O gabinete do governador Cid Gomes (PSB-CE) também está em polvorosa. Procurada pelo 247, a assessoria informou que ele estava em reunião justamente para adotar medidas de proteção da população. Por causa da greve de PMs, o Exército entrou em campo a fim de preservar a segurança dos cidadãos cearenses. Neste momento, 813 militares e 204 membros da Força Nacional de Segurança Pública estão destacados para prevenir a criminalidade na região.

De acordo com nota publicada pela 10ª Região militar, o Exército está executando a defesa de “pontos sensíveis”, tais como o aeroporto de Fortaleza, o centro da cidade, a orla marítima, o Palácio da Abolição e as instalações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

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