“Desconfiem de quem sonha com uma democracia de juízes”, diz Gilmar
"Já trocamos políticos que buscam votos pelos militares. Alguém pode imaginar que pode fazer uma república de promotores ou de juízes. Creio que ficarão também decepcionados com o resultado", disse o ministro do STF Gilmar Mendes, em seminário em São Paulo; o ministro criticou as ambições eleitorais de membros do Judiciário
247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse nesta segunda-feira (26) que se o "deserto do Saara" fosse administrado por magistrados "faltaria areia". A fala é uma crítica a membros do Judiciário e procuradores com ambições eleitorais para o pleito de 2018. Na opinião dele, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, uma "república de promotores e juízes" teria um resultado decepcionante.
"Já trocamos políticos que buscam votos pelos militares. Alguém pode imaginar que pode fazer uma república de promotores ou de juízes. Creio que ficarão também decepcionados com o resultado. Até como gestores, nós juízes e promotores, não somos lá muito bons. Se fôssemos administrar o deserto do Saara, faltaria areia em pouco tempo", disse ele em evento em São Paulo.
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (sem partido) aparece com 11%, em quarto lugar, atrás de Lula (PT - 30%), Bolsonaro (PSC - 16%) e Marina (Rede - 15%), no principal cenário do levantamento. O nome do juiz Sergio Moro também foi testado em outro cenário.
Gilmar Mendes participou na tarde desta segunda (26) de evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre reforma política.
Ele afirmou ainda, durante o debate "Reforma Política Já", que os tribunais estão com os orçamentos estourados e que a causa disso é o "déficit de gestão". "Quem sonha com democracia de juiz ou uma ditadura de juiz, alguns dizem: 'Ah ele é iluminado'. Desconfiem. Não há salvação fora da política e dos políticos".
De acordo com Mendes, o sistema político precisa ser aperfeiçoado. No entanto, o Brasil só saiu "do quadro de caos econômico e financeiro" por obra de políticos e da política, afirmou Mendes. "Sejamos críticos sim em relação às mazelas e das mazelas da política e dos políticos. Tentemos aperfeiçoar o sistema, discutamos com profundidade a superação de sistemas que se revelam impróprios, mas não tentemos inventar um novo regime, porque corremos o risco de, ao introduzi-lo, trazermos comprometimento sério para os paradigmas democráticos", afirmou.
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