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Brasil

Dia da Consciência Negra: racismo ficou pra trás?

No dia 20 de novembro, brasileiros celebram resistncia de Zumbi dos Palmares e de todos os negros que lutaram contra a escravido; hoje, intelectuais e parte da imprensa defendem que o conceito de "raa" equivocado; se no existem raas, por que ento os negros ainda so discriminados em vrios setores da sociedade?

Dia da Consciência Negra: racismo ficou pra trás? (Foto: Divulgação)
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Diego Iraheta_247 - A História do Brasil foi por décadas contada do ponto de vista do branco que escravizou. Por esse olhar, a princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, foi a responsável por "dar liberdade" aos escravos. Seria uma salvadora de pele e olhos claros. A verdade é que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a oficialmente "abolir" a escravidão. Mas, no fim do século 19, uma série de leis - como Sexagenários, Ventre Livre - já ia enfraquecendo a mentalidade escravocrata que dominou o Brasil Colônia e Império. De toda forma, a celebração da liberdade dos negros - menos como uma conquista deles e mais como um presente da princesa - passou a ser no dia 13 de Maio, já que nessa data em 1888, princesa Isabel oficializou a "libertação" dos negros.

Essa versão da História, disseminada em colégios públicos e particulares ao longo do século 20, vem sendo questionada desde os anos 70 pelo Movimento Negro Unificado. Sim, a liberdade dos negros, após sofrimento na senzala, deveria ser comemorada. Mas não no dia em que uma integrante da realeza simplesmente fez o que deveria ter sido feito. E sim no dia da morte de um dos maiores líderes da resistência negra. O nome que simboliza o brado contra a escravidão, contra a perversidade de um sistema econômico que fez o Brasil crescer - mas não dividiu a riqueza produzida. Não com os negros. Esse líder, símbolo da resistência dos escravos, é Zumbi dos Palmares.

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Zumbi era indignado pela condição que não escolheu, mas que lhe foi imposta. Foi imposta apenas por causa da cor. Da cor e dos traços. Do nariz, do cabelo. Negro no Brasil era considerado inferior. Era uma outra raça. Zumbi dos Palmares não aceitava esse tratamento (ou falta dele). E, por isso, organizava os negros em protesto contra aquele regime desumano. O Quilombo dos Palmares, situado no que hoje seria o estado de Alagoas, foi um dos mais importantes - quiçá o mais - no Brasil Colônia. Zumbi foi seu último líder, assassinado a 20 de novembro de 1695.

Para muitos brasileiros, inclusive acadêmicos e representantes da chamada grande mídia, a escravidão ficou para trás. Hoje, em pleno século 21, o conceito de raça não existe mais. Ou não deveria mais existir, como defendem o global Ali Kamel e o intelectual Demétrio Magnoli. Não há negros nem brancos no Brasil. Devido à miscigenação, vivemos numa verdadeira democracia racial. Não dá para saber quem é branco, quem é negro.

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Não dá mesmo?

Em partidas de futebol, quando torcedores xingam jogadores de "macaco"... Em programas de TV que assim, "inocentemente", chamam de feio aqueles com traços menos europeus e mais africanos... Em conversas do dia a dia, quando logo se comenta: "mas ela casou com um sujeito de cor"... Essa partícula adversativa "mas", o que que ela faz numa democracia racial, num paraíso da diversidade, onde todos são iguais e cor é meramente uma tonalidade?

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Se raça não existe, como pode haver racismo?

Bem, se o racismo ainda persiste em nosso País, significa que há quem se sinta superior. Pela cor. Pelos traços.

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Talvez a luta de Zumbi dos Palmares continue, ainda que queiram ignorar.

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