Dilma Rousseff sobre 2022: ‘a melhor hipótese seria uma frente comum, mas com quem?’
“Como é que eu faço uma aliança com quem não quer aliança? Eles não querem aliança, eles querem o isolamento dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais, é isso que eles querem. O Fernando Henrique propôs uma aliança e no dia seguinte ele passou a defender o Bolsonaro”, afirmou a ex-presidente à TV 247. Assista
247 - A ex-presidente Dilma Rousseff, em entrevista à TV 247, afirmou que a melhor chance para derrotar Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022 é formar uma “frente comum”. Mas, para ela, não há como abrir espaço para uma frente ampla, já que a direita e o centro não defendem interesses do Brasil e flutuam entre oposição e aliados do governo federal.
Segundo Dilma Rousseff, não está claro se partidos de direita e centro estão realmente dispostos a lutar contra o bolsonarismo. “Há uma diferença entre o que eu gostaria e o que é possível. Eu acho que a melhor hipótese para nós seria uma frente comum entre todos aqueles que quisessem tirar o Bolsonaro. Por que eu acho que ela é diferente do que eu quero? Ela é diferente do que eu quero porque, por exemplo, o DEM, nem em Salvador e nem na Bahia, fecha conosco, pelo contrário, o DEM é oposição ao Rui Costa na Bahia, e nessa eleição municipal o DEM vai apresentar candidato contra o nosso, e nós vamos apresentar candidato contra eles. Enfim, eu acredito que as frentes se dão em torno de interesses, não acho que hoje esteja claro que o DEM, o PSDB, o MDB, o Centrão tenham qualquer interesse em derrubar o Bolsonaro, e não há nada que a gente faça que vá demovê-los”.
Não há como confiar no centro atualmente, de acordo com Dilma Rousseff, devido à falta de “compromisso com o Brasil” por parte desse campo. O que este setor deseja, segundo ela, é isolar os partidos de esquerda e movimentos sociais. “Hoje você não tem lideranças de centro, você não tem nenhuma liderança de centro com compromissos com o Brasil, não tem. Você tem o Rodrigo Maia querendo completar as reformas neoliberais que destruirão o Brasil. Então como é que eu faço uma aliança com quer não quer aliança? Eles não querem aliança, eles querem o isolamento dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais, é isso que eles querem. Desde o dia em que começou o golpe, aquela história de não ficar pedra sobre pedra dizia respeito a nós também, eles não queriam que sobrasse de nós pedra sobre pedra, e aí eu te digo o seguinte: fazer como aliança? Com quem? O Fernando Henrique [Cardoso] propôs uma aliança e no dia seguinte ele passou a defender o Bolsonaro”.
A ex-presidente também disse que, sobretudo, é preciso formar uma frente que defenda a democracia e que sustente pautas de interesse nacional. “Tem de ter uma frente com o mínimo. Nós temos que ser contra o teto de gastos, nós temos que ser contra tirarem os R$ 600 da população enquanto estiver a pandemia, que não acabou com os 100 mil mortos, nós temos que ser uma frente que defenda o emprego, então nós vamos ter de ter elementos mínimos em comum. Nós vamos defender a Amazônia. Só sustentar o Bolsonaro sem dizer o que vai colocar no lugar não dá também”.
“Eu acredito que a realidade estreitou a frente quando os neoliberais fizeram uma aliança com os neofascistas e produziram algumas coisas. Eles produziram um fogo amigo sobre a direita, porque a direita ou centro-direita participou do governo Temer, foi objeto da Lava Jato. Olha o PSDB. O PSDB era o maior representante da centro-direita no Brasil. Nós disputamos todas as últimas eleições com o PSDB. O PSDB era um partido menor? Não, não era um partido como o Centrão, era um partido estruturado. Virou pó”, completou.
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