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Discurso de Bolsonaro sobre a morte de Lázaro mostra o desejo de que a polícia atue como "jagunço", diz professor

"O que parece essa história, mesmo pela fala do governador, e depois pelo próprio comentário do Presidente da República é que a gente volta na velha lógica de querer que no Brasil a polícia seja jagunço e não atue de forma profissional", disse o professor Rafael Alcadipani

Discurso de Bolsonaro sobre a morte de Lázaro mostra o desejo de que a polícia atue como "jagunço", diz professor (Foto: ABR | Reprodução)

247 - Os comentários de Jair Bolsonaro sobre a morte de Lázaro Barbosa, após ser capturado e baleado pela polícia, é comumente usada por policiais e grupos de extermínio para se referir a uma pessoa que foi assassinada por outro membro ou facção rival. A afirmação é de Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em entrevista ao UOL News.

Segundo Rafael, os discursos de políticos e de Bolsonaro sobre a morte de Lázaro mostram o desejo de que a polícia brasileira atue como "jagunço" para punir suspeitos.

"O que parece essa história, mesmo pela fala do governador, e depois pelo próprio comentário do Presidente da República é que a gente volta na velha lógica de querer que no Brasil a polícia seja jagunço e não atue de forma profissional", disse o professor.

Em sua página nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que o CPF de Lázaro estava "cancelado".

Rafael enfatiza ainda que a ação policial ideal é aquela em que nenhum tiro é disparado e o criminoso é preso e questiona a comemoração de policiais após a carregarem o corpo do homem.

"Agora, você ficar celebrando da utilização desse poder letal, você utilizar isso de forma politica como parece que tem acontecido, mais uma vez neste caso, é extremamente lamentável. A ação policial perfeita é aquela aonde não se dispara nenhum tiro e o criminoso é preso. Tudo que foge dessa regra precisa ser analisado, investigado, e acima de tudo, não precisa ser celebrado", destaca o docente, frisando que "o ponto principal é tratar com racionalidade, tratar com lógica e tentar entender o que aconteceu e se necessário era [o uso do poder letal]. Se era, está tudo bem, se não era, os policiais precisam ser punidos. Porque a gente não pode viver em uma sociedade onde se atira primeiro e depois se pergunta".