Dois hotéis são implodidos em Brasília

Maryna Lacerda_Brasília 247 — O vendedor de picolés Manoel Cândido dos Santos acreditava que as implosões dos hotéis Das Nações e Alvorada, no Setor Hoteleiro Sul, incrementariam suas vendas nesta quarta-feira (2), Dia de Finados. Pena que a temperatura de 20 °C não convenceu as 400 pessoas que acompanharam as demolições, que duraram apenas cinco segundos, a comprar seus sorvetes. Manoel vendeu somente um picolé.

Os prédios derrubados foram erguidos nos primeiros anos de Brasília. Por seus aposentos passaram o então deputado Ulysses Guimarães, que presidiu a Constituinte, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Às 10h17, foram abaixo, quase simultaneamente. O primeiro a cair foi o Hotel das Nações, seguido pelo Hotel Alvorada. A implosão estava marcada para as 10h, mas a neblina impediu o sobrevoo do helicóptero do Corpo de Bombeiros. Por isso, a última vistoria na área isolada foi feita por viaturas da Polícia Militar, o que atrasou as explosões.

A alta umidade do ar e a chuva fina fizeram com que a poeira vinda dos escombros não se espalhasse muito. As vias do Eixo Monumental, sentido Torre de TV – Esplanada, as tesourinhas que dão acesso à W3 Norte, à W3 Sul e a via S1 ficaram cobertas de pó. O Eixo Monumental é a primeira via a ser limpa e liberada, de acordo com o comandante da Defesa Civil, coronel Ribeiro. A previsão é de que até a tarde as seis faixas estejam liberadas. Por se tratar de uma obra particular, o Serviço de Limpeza Urbana não se responsabiliza pelo recolhimento do material.

A evacuação da área de 300 metros ao redor dos dois hotéis foi feita às 8h. A camareira Edilaine Lino Gonçalves, 41 anos, conta que os hóspedes dos estabelecimentos vizinhos entenderam a situação e deixaram a área sem maiores problemas. Uma turista italiana teve que esperar o fim da implosão para fazer check in. "Eu só quero chegar ao meu quarto, só isso", dizia.

O comandante Ribeiro considera que as implosões foram um sucesso e que tudo saiu conforme o previsto. Cerca de 300 profissionais da Defesa Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Esquadrão Antibombas participaram da operação. Vidraças de alguns prédios ao lado dos hotéis foram quebradas e devem ser substituídas pela construtora JC Gontijo, responsável pela implosão.

O projeto dos novos hotéis prevê que a capacidade de ambos passe de 130 para 260 leitos. O superintendente de engenharia da JC Gontijo, Gustavo Sanpato, diz que um dos grandes problemas dos antigos prédios, a ausência de estacionamento privativo, será solucionado, já que três estacionamentos, com 50 vagas cada, serão construídos no subsolo dos novos estabelecimentos. As obras devem ser entregues em 2013.

Confira vídeo: