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Brasil

Drogas e cidadania

Não é promovendo guerras que solucionaremos ou sequer amenizaremos o flagelo social promovido pelas drogas, como tem demonstrado fartamente a realidade

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Recente pesquisa da ONU nos chama atenção para questões até aqui não muito consideradas quando se busca compreender a relação do usuário e as drogas: indivíduos que se sentem excluídos socialmente têm mais facilidade de se tornarem usuários compulsivos de drogas, lícitas ou ilícitas, entendendo

• Drogas: elemento externo ao indivíduo que o permite, por alguns momentos, sair de seu estado de plena consciência, estabelecendo outros parâmetros relacionais com a realidade, levando o usuário a viver em um mundo ilusório. Seu uso pode ser compulsivo ou não, dependendo do controle que o usuário tenha sobre seu consumo. Se ele é compelido a usar algo ou tomar uma determinada atitude independente de sua vontade, ele é considerado “usuário compulsivo” ou viciado, como é popularmente chamado.

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• Inclusão ou exclusão social diz respeito ao fato do indivíduo se sentir acolhido / pertencente / respeitado ou não pelo meio social que acredita integrar, tendo como fator determinante a relação entre seus direitos e deveres, em que o equilíbrio entre esses dois fatores é a situação desejada, levando em consideração a capacidade / potencialidade de cada um.

Ao levarmos em consideração que o ser humano é fundamentalmente grupal e que em nossa sociedade seu primeiro grupo é denominado “família”, a qual tem a responsabilidade de estabelecer os parâmetros éticos e morais iniciais a partir dos quais esse indivíduo se relacionará com o que o cerca, fica evidente que o sentimento de pertencimento a “sua família” é um fator marcante, mas não determinante, na formação do cidadão.

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Outra pesquisa importante nessa análise foi realizada por Gilson Mansur , que aponta como um dos fatores que contribuem para que adolescentes se tornem usuários abusivos de drogas é a ausência de uma figura identificada como representante da lei, ou seja, o terceiro que vai impor os limites na vida dos membros da comunidade, possibilitando o desenvolvimento de seus integrantes como cidadão.

O cruzamento dessas três características da formação de um cidadão (a importância do sentimento de pertencimento da criança e do adolescente a seu núcleo social, baseado na relação entre seus direitos e deveres e intermediada por alguém que tenha a capacidade afetiva de estabelecer os limites dessa relação) implica numa política pública de prevenção ao uso abusivo de drogas que disponibilize elementos e mecanismos que permitam um efetivo exercício da cidadania desde a mais tenra idade, de tal forma que estimule, permanentemente, a busca de um ponto de equilíbrio entre os direitos e deveres de cada um de seus componentes, respeitando suas características individuais.

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Ao levarmos em consideração que na sociedade contemporânea cada vez mais a escola é o espaço principal de socialização da criança, particularmente nos grandes centros urbanos, fica evidente a necessidade de se promover urgentemente uma corajosa reforma na estrutura de ensino do nosso país, se preocupando menos em transmitir conteúdos e mais em formar cidadãos, como já preconizava Paulo Freire através das “Escolas Cidadãs”.

Um exemplo interessantíssimo vem da cidade de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Há mais ou menos dois anos, durante o processo de reformulação da educação infantil, a Prefeitura consultou as diferentes categorias integrantes do coletivo escolar dentre elas os alunos, compostos por crianças de zero a seis anos.

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Nesse sentido, não é por acaso que pesquisa desenvolvida por Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay, professoras da USP, e publicada pela UNESCO, apontou as escolas como os principais pontos de difusão e comercialização de drogas no Brasil, sendo que uma outra pesquisa mais recente desenvolvida pelo MEC nos mostrou que estudantes de escolas particulares consomem 40% a mais de drogas ilícitas que os de escolas públicas.

Como vemos, não é promovendo guerras que solucionaremos ou sequer amenizaremos o flagelo social promovido pelas drogas, como tem demonstrado fartamente a realidade.

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Uma política pública responsável e coerente com a construção de um mundo mais justo, ético e solidário tem que necessariamente estimular a promoção efetiva da inclusão social do indivíduo, tornando-o um cidadão de direito e deveres desde a mais tenra idade.

Paulo Silveira é membro do grupo Respeito é BOM e eu Gosto! e continuará com o debate sobre as drogas nesta coluna

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