Eleonora Menicucci: sem Lula livre e solução do caso Marielle, não teremos democracia
Em entrevista à TV 247, a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma afirmou que a democracia brasileira não é completa sem a identificação dos assassinos de Marielle Franco e sem a soltura do ex-presidente Lula; Eleonora disse ainda que as mulheres não são prioridade no governo Bolsonaro e que a retirada ilegal de Dilma Rousseff do poder enfraqueceu a luta pelos direitos das mulheres; assista
247 - A professora, socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres disse que Marielle Franco e Lula, na perspectiva de gênero, representam o retrocesso e violência que o país está vivendo e que a democracia brasileira precisa das respostas sobre o assassinato da ex-vereadora e da soltura de Lula.
"Marielle vive e queremos a identificação dos responsáveis e Lula livre. Duas personagens absolutamente significativas da democracia brasileira, e este significado é: sem a identificação dos criminosos que tiraram a vida da Marielle e sem o Judiciário provar a inocência de Lula nós não conseguiremos a democracia", disse.
A ex-ministra afirmou também que as mulheres não são prioridade para o governo do presidente Jair Bolsonaro. "As mulheres não são prioridade para esse governo. A prioridade é a família, é a mulher dentro da família. Houve um desmonte do Disque 180, esse desmonte é tenebroso para as mulheres porque elas continuam sendo assassinadas, o feminicídio continua aumentando, as mulheres continua sendo estupradas e a quem elas recorrem?".
Eleonora ainda explicou a progressão financeira da Secretaria de Políticas para as Mulheres enquanto ela era ministra. "Quando o PT entrou no governo em 2003, nós tínhamos R$ 2,8 milhões/ano para gastar. Essa verba vinha via presidência. Quando fomos tirados em 2016, eu tinha orçado R$ 298 milhões, fora a verba destinada ao programa para enfrentamento da violência".
Ela aproveitou para lembrar que presidente deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, foi tirada do cargo injustamente e que isso enfraqueceu a luta pelos direitos das mulheres. "Desde o golpe que tirou a presidenta Dilma, sem nenhum crime de responsabilidade, umas das mulheres mais honestas e mais íntegras e que abriu o acesso para as políticas para as mulheres".
A ex-ministra ainda reforçou dizendo que o golpe teve um caráter misógino. "O golpe teve sim um caráter misógino muito forte. Claro que não foi o determinante, mas ele tem esse caráter misógino fortíssimo. A sociedade estava preparada para ser governada e dirigida por uma mulher? Eu acho que não. Mas a Dilma mostrou a determinação das mulheres, as mulheres se sentiram absolutamente representadas por ela".
A também professora alertou para a importância de uma Secretaria que auxilia a parcela maioritária da população e que luta por seus direitos há muito tempo. "Nós somos 52% da população, nós não somos minoria. Se nós considerarmos a nossa condição de reprodutoras, então nós somos responsáveis pela política do cuidado também. É uma resposta a uma demanda do movimento feminista há anos pela garantia dos direitos, pelas políticas públicas e o reconhecimento do significado das mulheres na sociedade brasileira".
Sobre representatividade, Eleonora Menicucci disse que não basta ter mulheres no governo, é preciso que essas mulheres lutem pelo movimento feminista. Ela ainda falou sobre a importância das mulheres no poder. "Por que ter mais mulheres no parlamento, por exemplo? Porque as mulheres no parlamento olhas para os projetos a partir da experiência delas, da vivência e convívio com outras mulheres".
Em outro momento da entrevista, a professora lembrou a importância de educar as crianças para a familiarização com o tema do machismo. "Nós temos uma educação, fundamental e média, que nossas políticas públicas precisam tentar mudar essa compreensão, incluir no currículo a questão da violências contras as mulheres, incluir literaturas para que desde pequena a criança, homem e mulher, esteja mais familiarizada com esse tema".
Sobre o porte de armas proposto pelo governo Bolsonaro a ex-ministra discordou fortemente. "Discordo radicalmente. O uso de porte de armas, em qualquer situação, não é defesa, é risco, é você armar uma sociedade".
Eleonora Menicucci ainda opinou sobre a presença dos militares no governo e rebateu os pedidos de volta à ditadura. "O pior é as pessoas nas ruas pedirem a volta da Ditadura Militar. Isso para quem foi presa e torturada é muito forte, é inadmissível. Só quem não viveu é capaz de pensar uma coisa dessas, eu acho impensável, inadmissível e não se pode aceitar".
Ao final da entrevista a ex-ministra Eleonora convocou homens e mulheres brasileiras para a marcha contra o retrocesso da última sexta-feira e disse que o Dia Internacional da Mulher este ano é muito simbólico.
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