Eletricitários se unem contra medida da Eletrobrás de cancelamento do CNPJ e da história de Furnas

Em boletim, Coletivo Nacional dos Eletricitários denunciou projeto da Eletrobrás de incorporar Furnas como "fim da memória de um dos maiores casos de sucesso da história do Brasil"

Furnas
Furnas (Foto: Luiz Coelho L&C/CC BY-SA 3.0 | REUTERS)


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247 - Um anúncio recente da Eletrobrás gerou indignação e preocupação entre eletricitários brasileiros. A direção da empresa comunicou ao mercado que iniciou estudos para incorporar sua maior subsidiária, Furnas, como parte de um "plano para simplificar estrutura societária e governança, em meio aos trabalhos de reestruturação da empresa após a privatização". Essa medida tem gerado forte oposição, com sindicatos e eletricitários de todo o país unindo forças para protestar contra o que consideram um ataque à história e à memória do Brasil.

Os eletricitários, representados pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), denunciaram, em boletim publicado nesta segunda-feira (18), essa decisão como "o apocalipse da história que Furnas construiu" e "o fim da memória de um dos maiores casos de sucesso da história do Brasil". Eles alegam que os interesses puramente financeiros dos privatistas estão prevalecendo sobre o valor histórico e cultural de Furnas.

Furnas foi criada em 1957 por um decreto do então presidente Juscelino Kubitschek para resolver a crise energética que ameaçava o abastecimento das principais cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O projeto envolveu a construção da primeira hidrelétrica de grande porte do Brasil, a Usina de Furnas, com uma capacidade de 1.216 MW. No entanto, essa conquista veio com um alto custo para as comunidades locais, com desapropriações, perda de terras férteis, gado e plantações, e o deslocamento de famílias inteiras.

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Ao longo dos anos, a relação com o Lago de Furnas mudou, e hoje ele é visto como um orgulho para os mineiros, com múltiplos usos, incluindo turismo, agricultura, navegação, psicultura, irrigação e outros. No entanto, os eletricitários alertam que esses usos múltiplos da água estão ameaçados, especialmente devido à possível modificação da Usina de Furnas para Produtor Independente de Energia.

Com o fim iminente de Furnas pela direção da Eletrobrás, a chamada "Cota 762" pode estar em perigo, assim como os contratos de royalties da água dos municípios. Isso não só representaria um grande prejuízo para o povo mineiro, mas também um golpe na memória afetiva de figuras históricas como Juscelino Kubitschek, John Cotrim e Itamar Franco.

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Furnas é a maior subsidiária da Eletrobrás, com presença em 15 estados e no Distrito Federal, e capacidade instalada de geração de mais de 18 GW a partir de fontes hidrelétricas, gás natural, eólica e solar. A empresa também se destacou na produção de hidrogênio verde, resultado de projetos de P&D em curso há dois anos na hidrelétrica de Itumbiara (MG/GO).

Os eletricitários enfatizam que o fim de Furnas representa um revisionismo histórico de Minas Gerais e do Brasil, e que a luta contra essa medida está apenas começando. Eles já iniciaram contatos com parlamentares, movimentos populares, prefeitos e advogados especializados em regulação e direito societário e empresarial. O Coletivo Nacional dos Eletricitários promete tomar as ruas e as redes sociais em defesa de Furnas, de Minas e do Brasil, afirmando que "só a luta salva".

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