Elizeta libera eleições locais do MPF e procuradora que falou em "atingir Lula na cabeça" vira chefe da PGR no DF
Anna Carolina Resende também já trabalhou com o ex-PGR Rodrigo Janot em casos da Lava Jato
247 - Há mais de um mês como interina, a procuradora-geral da República Elizeta Ramos optou por revisitar sua própria decisão de manter os atuais procuradores-chefes do Ministério Público Federal (MPF) nos estados em seus cargos, informa o g1. Elizeta assumiu o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) em 27 de setembro, após o término do segundo mandato de Augusto Aras, e deve permanecer no cargo até a nomeação de seu sucessor pelo presidente Lula (PT) e aprovação pelo Senado, o que ainda não possui uma data definida.
Inicialmente, Elizeta Ramos havia declarado que não faria modificações na estrutura do MPF, deixando as indicações para seu sucessor. No entanto, devido à demora na escolha de Lula, ela revisou sua posição. A decisão da atual chefe desencadeia uma disputa de poder no Ministério Público. De um lado, há procuradores alinhados com a Lava Jato e com o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Do outro, procuradores críticos da operação e próximos ao ex-PGR Augusto Aras.
Nos últimos dias, Elizeta enviou uma mensagem aos atuais chefes das unidades do MPF nos estados e no Distrito Federal, informando que dará continuidade ao processo de sucessão. Ela argumenta que a "interinidade" está se prolongando, e várias procuradorias nos estados estão pedindo mudanças. Na mensagem, Elizeta destaca que o próximo procurador-geral, a ser nomeado por Lula, poderá realizar novas alterações. No entanto, a procuradora afirma que o sucessor terá que revogar a norma atualmente em vigor.
A Procuradoria da República no Distrito Federal já realizou a eleição interna para a nova chefia e encaminhou o nome escolhido para Elizeta formalizar a designação. A escolhida foi a procuradora lavajatista Anna Carolina Resende. Anna Carolina já havia trabalhado com Janot em casos da antiga Lava Jato, e, em mensagens reveladas pela Vaza Jato, ela falava em “atingir Lula na cabeça”. "Pessoal, fiquei pensando que precisamos definir melhor o escopo pra nós dos acordos que estão em negociação. Depois de ontem, precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1), pra nós da PGR, acho q o segundo alvo mais relevante seria Renan. Sei que vcs pediram a ODE [empreiteira Odebrecht] que o primeiro anexo fosse sobre embaraço das investigações. Achei excelente a ideia mas agora tenho minhas dúvidas se o tema é prioritário e se é oportuno nesse momento”, dizia a mensagem, mantida a grafia original, que traz ainda citação ao senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A Procuradoria no Distrito Federal é uma unidade estratégica para a instituição, pois investiga, em primeira instância, os políticos de Brasília em casos de improbidade ou quando deixam seus cargos públicos. O procurador-chefe desempenha funções administrativas e, na prática, não atua diretamente nos processos, mas tem influência na definição da estrutura de apoio para as investigações conduzidas por seus colegas.
