Folha elogia 'sensatez' de Bolsonaro, que ameaçou fechar o jornal
Em editorial, o jornal Folha de S. Paulo minimizou a declaração de Eduardo Bolsorano sobre o "fechamento do STF"; o texto chama o gesto do deputado de "quartelada retórica" e destaca a reação massiva da corte, que reagiu à 'bravata' com seu presidente, decano e demais ministros; o jornal ainda ressalta que "insuflar a ira militante também serve para se evadir do debate programático, indigente neste segundo turno da disputa presidencial"
247 - Em editorial sob o título "Quartelada retórica", o jornal Folha de S. Paulo respondeu nesta terça (23) ao ataque direto de Jair Bolsonaro que, em discurso para bolsonaristas na Avenida Paulista ameaçou fechar o jornal. A resposta da família Frias foi um elogio servil ao candidato e às "manifestações recentes de sensatez do presidenciável do PSL". No fim do texto, o editorialista manifesta confiança que as instituições controlarão Bolsonaro: "Os limites ao poder dos mandatários, felizmente, são duradouros" -coisa que não aconteceu até agora.
O editorial foi escrito a pretexto das ameaças do deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos de Jair, de fechar o STF, por isso o título de "Quartelada retórica" e buscou o tempo todo reduzir o impacto das declarações: "Não tivesse partido do filho do presidenciável que lidera com folga as pesquisas, a quartelada imaginária provavelmente passaria como mera fanfarrice de congressista do baixo clero —e decerto se encontrarão asneiras do mesmo naipe, lamentavelmente, no falatório de outros nomes e siglas".
O trecho mais impactante do editorial, no entanto, é a crença da Folha em Bolsonaro: "Jair Bolsonaro relatou ter repreendido 'o garoto' —de 34 anos— e afirmou ter respeito integral pelo Judiciário. Essa e outras manifestações recentes de sensatez do presidenciável do PSL, entretanto, ainda contrastam com boa parte de sua retórica palanqueira".
Para o jornal, a sequência de ameaças à democracia de Bolsonaro & Filhos é apenas "retórica palanqueira" e, ao fim e ao cabo, eles serão contidos pelas instituições, sob pressão dos Frias e Marinho.
Ao falar da ameaça de Bolsonaro de fechar o jornal, o editorial, em vez de condená-la peremptoriamente pelo risco à liberdade de imprensa, faz uma manobra narrativa para voltar-se contra o PT: "Não faltaram ainda ameaças a esta Folha, que os bolsonaristas acusam de alinhamento à campanha do oponente. A ninguém deveria enganar esse surrado subterfúgio populista, igual e rotineiramente empregado pelo PT". O ataque ao PT chega a ser inacreditável porque nos anos dos governos Lula e Dilma, mesmo diante de ataque cerrado da Folha e demais veículos da imprensa conservadora, jamais houve qualquer ameaça à liberdade de imprensa no país.
O clima na Folha é de conciliação com Bolsonaro. Enquanto os Frias faziam publicar este editorial (aqui), na coluna Painel, uma das mais importantes do jornal as ameaças dos Bolsonaros foram tratadas como "comentários" e insinuação: "Depois de Eduardo Bolsonaro tecer comentários sobre o fechamento do STF, e Jair, o patriarca, insinuar perseguição a opositores em discurso na av. Paulista (...)".
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