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Brasil

Fumo mata 200 mil brasileiros por ano

Muitas das vtimas fatais sequer so fumantes, aponta a Organizao Mundial de Sade. O Brasil 247 foi s ruas saber como o cigarro est presente na vida da populao

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Por Letícia Moreli

247 – Há 25 anos, a vida do taxista Darcy Martos, 67 anos, não é mais a mesma. Desde que parou de fumar, consegue ter mais disposição para as atividades diárias. Mas deixar o vício de lado foi missão árdua, que lhe valeu uma batalha de dois anos. Darcy fumava cerca de 80 cigarros por dia, desde os 8 anos de idade. Com mais de três décadas carregando esse hábito nos pulmões, começou a ter sérios problemas respiratórios e quase desenvolveu um câncer de garganta. “Comecei a tossir sangue”, lembra. Seu método para abandonar o fumo foi diminuindo “um a um”.

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Como Darcy, milhares de fumantes em todo o mundo já foram ou serão, um dia, vítimas do tabaco. Nesta terça-feira (31), a Organização Mundial de Saúde (OMS) promove o Dia Mundial Sem Tabaco. A data é celebrada desde 1998, com a missão de evitar que pessoas comecem a fumar e incentivar os fumantes a deixarem o vício. Motivos para isso não faltam. As mais de 4.700 substâncias tóxicas contidas em cada cigarro são responsáveis por diversos tipos de câncer, além de problemas respiratórios, cardíacos e vasculares, não apenas em quem consome o cigarro, mas também em quem é exposto a sua fumaça. Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão e 80% dos de enfisema pulmonar são provocados pela nicotina, um dos principais componentes do cigarro. Além dela e do alcatrão, pesquisas demonstram que mais de 40 substâncias cancerígenas estão presentes em cada cigarro.

O tabagismo é a causa da maior parte dos problemas respiratórios e está associado a 53 doenças. Em 95% dos casos, os danos no tecido pulmonar causados pelo cigarro são irreversíveis, mesmo que a pessoa tenha parado de fumar há muitos anos. O tabaco também é responsável pela morte de cinco milhões de pessoas no mundo todo ano. Se as estatísticas seguirem essa progressão, em 2030 o número de mortes causadas pelo cigarro e seus derivados deve pular para oito milhões. No Brasil morrem 200 mil pessoas por ano por doenças associadas ao cigarro.

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De acordo com o pneumologista José Jardim, professor da Faculdade de Medicina da UNIFESP, o Brasil apresenta o maior índice de pessoas que largaram o cigarro nos últimos anos. “No entanto, o número de fumantes ainda é alto”, enfatiza. Segundo dados do Ministério da Saúde, existem hoje aproximadamente 25 milhões de fumantes no país, ou seja, 17,2% da população. “Em 1989, cerca de 33% dos brasileiros fumavam”, lembra o pneumologista. Estima-se que entre o total dos fumantes brasileiros, de 20% a 40% desenvolverão a DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. O tabagismo é responsável por 80% dos casos da doença que, globalmente, já afeta 210 milhões de pessoas e estima-se que até 2020 será a terceira causa de mortes no mundo.

Brasil 247 foi às ruas para saber como o fumo está presente na vida dos brasileiros de diferentes idades, gêneros e classes sociais.

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Vestida de branco, a esteticista Nathália Cardoso, 20 anos, reconhece que para a função que ocupa e dentro de seu jaleco o cigarro não casa bem como acessório. “Acho interessante este incentivo (da campanha antifumo), li alguma coisa sobre isso hoje”, disse. Fumante comedida, ela conta que acende três cigarros ao dia e que a lei antifumo não mudou muito sua vida. “Apesar da exclusão dos fumantes, de ter de sair da mesa para fumar em um bar, volto para casa sem aquele cheiro de fumaça”.

Humberto da Silva Queiroz, 46 anos, é auxiliar de serviços gerais e faz o tipo fumante inveterado. Tabagista há mais de duas décadas, ele gasta cerca de R$ 21 por semana, o que lhe permite tragar um maço diário. “Não sabia que hoje é esse dia antifumo, não muda nada para mim. Acho que o governo tem coisa mais importante a fazer do que esse tipo de campanha”, declarou.

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Cigarros já não fazem mais a cabeça do consultor de logística José Roberto Campos, 66 anos. Na década de 80 ele parou de fumar e só em 2006, descobriu o prazer eternizado por Fidel, Churchill e Guevara, criou gosto pelos charutos. Esclarecido, Campos sabe bem dos malefícios desse seu hábito, mas garante: “não tenho dificuldades em parar”. Para ele, a diferença entre cigarro e charuto é qualidade. Por esta razão, ele não se incomoda em gastar cerca de R$ 200 por semana com os “cubanos”. “O cigarro de hoje em dia é altamente viciante e contém substâncias que provocam mais mal que o fumo por si só, com um único objetivo: viciar os jovens cada vez mais cedo”, analisa.

A jovem Bruna Araújo de Sousa não se deixa levar pela oferta das marcas de cigarros nem pelas ilusórias campanhas de publicidade. “Nunca gostei nem do cheiro. O convívio com pessoas que fumam chega a ser desagradável, às vezes”, disse. Bruna apoia a campanha antitabagista, mas acredita que o público em geral não dá muita atenção. Ela mesma já tentou convencer os amigos a pararem de fumar. “Sempre falo que faz mal, que é desagradável, mas não adianta muito. É na academia que eu percebo como eu tenho mais condicionamento físico do que minhas amigas fumantes”.

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Entre os próprios fumantes há uma espécie de pressão para que um indivíduo do grupo não apague o cigarro de vez. O taxista Paulo Pádua, 54 anos, conta que há cerca de 20 anos, quando resolveu deixar o vício, enfrentou represália dos colegas. “As pessoas te provocam, cobram, soltam fumaça na sua cara. Meus colegas diziam: quero ver você parar mesmo. Os tabagistas desafiam a sua força”, lembra.

A bronquite de Pádua foi o que lhe deu coragem para enfrentar o vício. “Uma noite, tive um ataque, não conseguia respirar. No dia seguinte, levantei e decidi que não ia mais fumar”. e depois disso, Pádua nunca mais botou um cigarro sequer na boca. Quer dizer, até tentou. “Uma noite tinha bebido uns chopinhos a mais e resolvi fumar. Não consegui, senti enjoo”, conta. A diferença em sua rotina foi brutal: “tenho mais disposição, não tive mais problema de bronquite e sinto melhor o sabor das coisas, tenho muito mais paladar”.

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Embora não seja mais um fumante, Paulo considera a lei antifumo uma imposição desnecessária e não acredita que as campanhas possam trazer resultados efetivos. “O governo deveria controlar a indústria do cigarro ao invés de controlar o cidadão. Se conseguiu fazer com que a indústria de alimentos tirasse a gordura trans, porque não podem fazer com que as tabagistas façam cigarros menos agressivos, com menores taxas de nicotina e alcatrão? Isso certamente traria muito mais resultados do que gastar milhões com campanha antitabagista”, concluiu.

 

Em diversos países, campanhas governamentais ou de ONGs alertam sobre os riscos causados pelo fumo. Confira vídeos de algumas delas:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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