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Governo trava compra bilionária de veículos blindados de Israel

A assinatura do contrato, inicialmente prevista para maio, segue suspensa após Amorim intervir e convencer o presidente Lula a adiar a decisão

O assessor especial de Lula, Celso Amorim - 5/12/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - A aquisição de 36 veículos blindados de uma empresa israelense, orçada em R$ 1 bilhão, foi paralisada pelo governo Lula devido a divergências entre o Ministério da Defesa e o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. As informações são da jornalista Malu Gaspar, de O Globo.

A disputa envolve o contrato com a empresa Elbit Systems, vencedora do processo licitatório em abril do ano passado. A assinatura do contrato, inicialmente prevista para maio, segue suspensa após Amorim intervir e convencer o presidente Lula a adiar a decisão. Segundo Amorim, o acordo seria incompatível com a postura crítica do governo brasileiro em relação às ações militares de Israel na Faixa de Gaza. “O negócio poderia financiar os ataques de Israel aos palestinos”, argumenta o assessor.

Enquanto isso, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, classificou a oposição como “ideológica”. Inicialmente, Múcio propôs um meio-termo, sugerindo a compra parcial dos equipamentos, mas recuou após Lula rejeitar a alternativa.

Em dezembro, o Exército prorrogou por mais seis meses o prazo para decidir sobre o contrato, com esperanças de que um cenário geopolítico mais favorável permita avançar com o acordo. “Se o cenário geopolítico melhorar, quem sabe o negócio ainda possa ser fechado”, disse uma fonte ligada à Defesa.

Impasse diplomático
O caso ganhou contornos políticos devido à tensão entre Brasil e Israel. Em fevereiro do ano passado, o então ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou Lula “persona non grata” após o presidente comparar as ações militares de Israel ao regime nazista. Katz ainda submeteu o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, a uma situação de humilhação pública, ao repreendê-lo no Museu do Holocausto.

Celso Amorim, principal conselheiro de Lula para assuntos de política externa, mantém a posição de que o Brasil não deve fechar contrato com uma empresa de um país que insultou o presidente. Segundo fontes do governo, a decisão final será da diplomacia, e não do setor técnico.

Posição jurídica
Apesar das tensões políticas, o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou em setembro que não há restrições legais para firmar contratos com fornecedores de países envolvidos em conflitos armados. Isso inclui tanto a participação em licitações quanto a assinatura e manutenção de contratos.

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