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Grande questão: certezas?

Pode-se ser a favor ou contra a ocupação da reitoria e a favor ou contra a Polícia Militar no campus. São duas opções não-excludentes. No mínimo, quatro possibilidades de opinião

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Facebook e Twitter viraram um mosaico de ódio. A dinastia das onipresentes citações de Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector tem como herdeiros imagens do Capitão Nascimento, acompanhadas de legendas estimulando violência contra os “estudantes maconheiros”, e denúncias contra “policiais psicopatas” – a situação lembra os engarrafamentos em que muitos carros começam a buzinar para outros andarem mais rápido, até a cacofonia e a poluição sonora reinarem absolutas; ninguém sai do lugar, entretanto.

Para cada estereótipo negativo da VEJA ou do Gilberto Dimenstein (“São como adolescentes mimados que querem fazer o que bem entendem sem limites”, em sua coluna na Folha de S. Paulo), floresce um preconceito do lado dos estudantes (“Já me chamaram de coxinha e de assassino”, disse o Tenente Caresi, da Polícia Militar, ao Jornal do Campus, da USP).

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Sabe aquela discussão com seu parceiro que começa a respeito de uma banalidade, como a cor da roupa ou o horário de chegada num jantar com amigos, e acaba escalando para uma lavagem de roupa suja interminável, ameaçando o fim do relacionamento e deixando os vizinhos constrangidos pela gritaria?

Parece que as pessoas vão se informar a respeito do confronto entre estudantes e PM de cabeça feita e, independente das notícias veiculadas, só saem de lá com suas convicções reforçadas. E essas crenças são tão maniqueístas quanto ingênuas, apenas caças a vilões e heróis no meio da multidão; quer-se achar um bem para torcer, um mal para retorcer, mas distorcer é tudo que se faz. Chapéu branco pros mocinhos, preto pros bandidos: cinza está fora de moda.

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A compreensão é mais simples – e fantasiosa – se essa redução é feita. Estereótipos são as raízes de preconceitos e as muletas de argumentos capengas. Os discursos que se misturam na névoa da discussão sempre falam de “nós contra eles”, só muda quem veste qual máscara. Fala-se de chuva ou de sol, exclui-se granizo, neve, orvalho, mormaço e geadas.

A discussão da PM na USP é uma ameaça de tempestade. Nuvens negras, brancas, finas, carregadas, altas e baixas convivendo. Se desaba água do céu ou não, é apenas uma questão: haverá relâmpagos?, enchentes?, problemas no trânsito?, disseminação de doenças?, desabamentos? – restringir a ou uma coisa, ou outra é só enxergar o que se quer ver: audição e visão seletivas.

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Um breve exercício de análise combinatória: pode-se ser a favor ou contra a ocupação da reitoria e a favor ou contra a Polícia Militar no campus. São duas opções não-excludentes. No mínimo, quatro possibilidades de opinião. E esse exercício é também uma simplificação do problema, ou seja, numa Universidade com mais de oitenta mil alunos, os posicionamentos são múltiplos: além do bem e do mal, como diria Nietzsche com seu taturânico bigode.

Nem Star Wars é tão maniqueísta: quem não se lembra do maligno Darth Vader lutando contra o também diabólico Imperador no final da saga? Aos estudantes, o direito de se manifestar, desde que não se restrinjam a repetir sem raciocinar preconceitos herdados. Aos policiais, o direito de trabalhar, desde que não abusem das condições a eles conferidas pela sociedade. E ao vencedor, as batatas.

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