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Greenwald diz que Lula impôs derrota histórica a Trump ao derrubar sanções

Comentário do jornalista ocorre após governo dos EUA retirar Alexandre de Moraes da lista da Lei Magnitsky e recuar de punições adotadas no fim de julho

Greenwald diz que Lula impôs derrota histórica a Trump ao derrubar sanções (Foto: Divulgação )

247 - Independentemente da sua opinião sobre Lula, ele é um dos líderes mundiais mais astutos e influentes do século XXI.” A afirmação é do jornalista Glenn Greenwald, que puxou o debate ao avaliar como uma “vitória espetacular” do presidente brasileiro o recuo do governo dos Estados Unidos em relação às sanções impostas com base na Lei Magnitsky. Para Greenwald, a decisão expôs limites do poder de coerção de Washington e representou uma derrota política para Donald Trump e para o regime de sanções norte-americano.

Em declaração em sua conta no X/Twitter, Greenwald afirmou que, no terceiro mandato e aos 78 anos, Lula obteve um triunfo expressivo ao ver os EUA retirarem as punições mesmo sem mudanças no cenário que havia motivado as medidas. “Em seu terceiro mandato, aos 78 anos, ele conquistou uma de suas vitórias mais espetaculares, infligindo uma enorme derrota a Trump, aos EUA e ao seu regime de sanções”, disse. O jornalista acrescentou que o recuo ocorreu enquanto o Brasil mantém posições estratégicas, como a defesa do BRICS e da desdolarização.

Segundo Greenwald, a retirada das sanções ocorreu apesar de, em sua avaliação, não ter havido recuo nas condutas que os EUA diziam combater. “Os EUA acabaram de retirar todas as sanções contra o juiz Moraes, apesar de ele ter intensificado todos os comportamentos que as sanções supostamente visavam punir (censura e prisão de Bolsonaro por décadas), enquanto Lula continua a defender o BRICS e a desdolarização”, afirmou, usando termos críticos para caracterizar o episódio.

O jornalista também atribuiu o desfecho a uma resposta institucional brasileira às punições. “Lula mandou os EUA se danarem com as sanções. E Trump simplesmente obedeceu”, declarou. Na sequência, descreveu o que chamou de um novo modelo adotado pelo país: “O Brasil criou um novo modelo para driblar as sanções americanas: implementou uma lei (por meio de decisão judicial) que impede seus bancos de aderirem às sanções dos EUA. Funcionou espetacularmente”. Para Greenwald, o governo norte-americano recuou após “uma pequena dose de bajulação e charme de Lula”.

O comentário foi feito após o governo dos Estados Unidos anunciar oficialmente a retirada do nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes da lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. Em comunicado publicado nesta sexta-feira (12), o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão do Departamento do Tesouro, informou que também foram excluídos da lista a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, e o Instituto Lex, ligado à família.

As sanções haviam sido impostas a Alexandre de Moraes no fim de julho, ainda sob o governo de Donald Trump. Em setembro, a lista foi ampliada para incluir o nome de Viviane Barci de Moraes. A Lei Magnitsky é um mecanismo da legislação dos Estados Unidos que permite a punição unilateral de supostos violadores de direitos humanos no exterior, prevendo, entre outras medidas, o bloqueio de bens, contas e interesses em território norte-americano, além da proibição de entrada no país.

Ao anunciar as punições, o Departamento do Tesouro acusou Moraes de violar a liberdade de expressão e autorizar “prisões arbitrárias”, citando decisões relacionadas ao julgamento da tentativa de golpe de Estado e medidas contra empresas de mídia social dos EUA. De acordo com o secretário do Tesouro, Scot Besset, o ministro seria responsável por uma campanha de censura, detenções arbitrárias e processos politizados, “inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.

Para Greenwald, o recuo do governo norte-americano sintetiza o episódio. “Grande vitória para Lula e Moraes, grande derrota para o Departamento de Estado de Trump, para o poder dos EUA e para a direita brasileira”, concluiu.