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Greve da PM arma a oposição de argumentos

Movimento grevista causa danos irreversíveis à era petista na Bahia; tudo o que aconteceu será usado contra o PT na hora das eleições

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A greve da Polícia Militar foi a primeira crise de verdade que o governador Jaques Wagner (PT) sofreu nestes cinco anos de governo. O resultado foi e será devastador para sua figura política. Nunca mais o petista poderá ter convicção própria para falar de consolidação e fortalecimento da democracia e do republicanismo. Muitos jornalistas, especialistas e curiosos opinaram que Wagner demorou a reconhecer a greve. É sabido por boa parte dos brasileiros que polícia não pode fazer greve por conta de oferecer um serviço imprescindível para os cidadãos e para manutenção da ordem pública.

Há quem acredite, inclusive, que o governador tenha apostado no "medo" que os PMs teriam ao se lembrarem disso e que, contanto, desistiriam do movimento. Wagner errou. O cabeça do movimento, o ex-policial Marco Prisco, (expulso da corporação depois da participação na greve da polícia em 2001, na gestão do então governador César Borges) deu diversas demonstrações de que o movimento não foi apenas para reivindicar melhorias trabalhistas. E o mais interessante (quiçá intrigante) dessa história é que Prisco é o que pode se chamar de cria de Jaques Wagner.

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A revanche

Logo depois de tomar posse do seu primeiro mandato como chefe do Executivo baiano, em janeiro de 2007, Wagner exibiu na TV o contracheque da PM, ainda com ligação a Prisco, mostrando quão mal ganhavam os PMs e dizendo como faria para melhorar a situação. Pois bem. Wagner e Prisco brigaram e hoje o petista amarga o sabor da revanche, na condição de afetado.

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Prisco, que é filiado atualmente ao PSDB, liderou uma greve que impôs caos, banditismo e medo aos baianos, principalmente aos soteropolitanos. Mas qual foi o motivo da 'vingança'? Segundo os policiais, o problema foi que o governador prometeu aumentar em 2009 a (Gratificação por Atividade Policial) GAP 4 e a GAP5. O que não aconteceu. Além disso, não se pode negar também que há um movimento nacional que já ameaça oito estados para pressionar o Congresso a apreciar (e aprovar) a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece um piso salarial para os policiais civis e militares e bombeiros, a chamada PEC 300.

Ilegal ou não, a greve deixou claro, independente de Prisco, que existe, sim, uma insatisfação da grande maioria dos policiais com suas atuais condições de trabalho.

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O pronunciamento

Deixemos de lado Prisco e a motivação policial e nos atenhamos à condução de Jaques Wagner diante da crise que acometeu seu governo. Figuras de credibilidade perante a opinião pública baiana, a exemplo do radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertész e do jornalista Samuel Celestino, avaliaram como "fraco" o discurso em rede local que Wagner fez no segundo dia de greve.

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Para a população também não deu outra: críticas foram muitas pelo fato de Wagner citar a "ajuda" que a presidente Dilma Rousseff (PT) daria com as Forças Armadas e com a Força Nacional de Segurança. Ora, governador, naquele momento V. Exa. não citou nenhuma atitude para resolver o problema em si, que era a greve, pois não é o governo federal quem dá segurança no cotidiano das cidades.

Nessa hora temos que concordar com os oposicionistas quando eles dizem que "amizade com presidente da República não garante um bom governo". Verdade seja dita, os governadores petistas têm esse defeito. Assim foi com Lula e assim o é com a presidente Dilma.

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Desenterrando o passado

Outro fato que contribuiu para complicar a situação do governador foi um discurso desenterrado pela imprensa nacional de quando ele ainda era deputado federal e autêntico sindicalista, no qual, incentivava a mobilização da mesma categoria que pôs nos últimos dias seu governo em xeque. Wagner dizia em alto e bom som que os policiais não podiam se curvar diante do Executivo e deixar de lutar por suas melhorias. Vale ressaltar também que em nenhum momento o então deputado incitava atos de irresponsabilidade, mas apenas o movimento de greve pacífica por melhorias.

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O episódio de 2001 também foi bastante usado contra César Borges e o "carlismo" por muitos "companheiros" de longa data e de protagonismo no "projeto" liderado por Wagner, como os deputados federais comunistas (do PCdoB) Daniel Almeida e Alice Portugal e petistas como Emiliano José e o próprio Nelson Pelegrino, além dos senadores Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB).

E agora, Galego? Já pensou na arma que a oposição tem para disparar sem nenhuma piedade nas eleições? Até hoje (11 de fevereiro), a imprensa já contabiliza quase 300 assassinatos, mais de 400 roubos de carro e mais de 200 assaltos a ônibus coletivo em Salvador e Região Metropolitana na conta da greve da Polícia Militar. Mas quem é mesmo que vai pagar essa conta? Não dá para deixar no prego.

2014

Pois bem. Não deixemos de reconhecer também a capilaridade e a força de articulação política que Jaques Wagner tem. Essas são incontestáveis. É exatamente por conta dessa maturidade que ele sabe: greve da PM será uma verdadeira pedra no seu sapato nas eleições de 2014, para a qual ele já começa a preparar um nome para lhe suceder. Embora o contexto não seja este, é possível imaginar que os reflexos deste fevereiro sangrento devem sentidos já em outubro próximo. O petista Nelson Pelegrino também sabe disso.

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