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Haman, o defensor público que ofuscou os medalhões

Defensor-geral, Haman Córdova conversou com o Brasília 247 logo depois de conseguir o desmembramento do processo de Carlos Alberto Quaglia na Ação Penal 470; ele foi o único que conseguiu o feito, mesmo tendo a 'concorrência' das estrelas Marcio Thomaz Bastos, Arnaldo Malheiro, Alberto Toron, Kakay e outros; "tinha muita convicção", disse

Haman, o defensor público que ofuscou os medalhões (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

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Andressa Anholete _Brasília 247 – "Ontem foi um dia muito especial", afirmou alegremente, na quinta-feira 16, o defensor-geral Haman Tabosa de Moraes e Córdova sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao réu Carlos Alberto Quaglia na Ação Penal 470, conhecida como mensalão. Com sua sustentação, a Defensoria Pública conseguiu o desmembramento do processo, e desta maneira Quaglia será julgado pela 1ª instância, em Santa Catarina.

Dr. Haman roubou a cena no Mensalão, sendo o único dos 38 defensores a ter seu pedido aceito pelos ministros do STF. "Tinha muita convicção e certeza do grau de envolvimento do nosso assistido e que conseguiríamos este resultado", afirmou o advogado.

Perguntado se a presença de grandes nomes como Márcio Thomaz Bastos, Arnaldo Malheiros Kakay e outros gerou algum acanhamento ou temor, o jovem defensor de 36 anos diz que "não fazia a menor diferença". "O fato deles fazerem jus ao que receberam, e terem grande experiência em momento algum mexeu com a gente", afirma admitindo que anteontem, durante as preliminares do ministro Joaqu estava mais apreensivo do que no dia da própria sustentação oral.

Córdova ingressou na Defensoria Pública em 2006, e desde novembro do ano passado ocupa o cargo de defensor-geral. Foi junto com a nova função que Haman ganhou o caso no Mensalão. Desde então trabalha intensamente no processo, principalmente nos últimos seis meses.
A comemoração do resultado foi junto com a família. "Eles sabem o quanto me empenhei", resume com simplicidade.

Com a decisão do STF, um novo defensor, em Santa Catarina, ou ainda um advogado do réu, é quem vai cuidar do processo.

Caso mais importante

Embora reconheça a importância do resultado na Ação Penal 470, Córdova não considera este o maior caso que já cuidou. "É mais importante salvar vidas do que propriamente ter êxito em um processo que tem continuidade, como este", garante o defensor-geral ao lembrar da situação em que a uma senhora passou a ter direito a um medicamento para câncer de mama que não tinha como pagar, com o trabalho da Defensoria.

Dr. Haman vê a decisão do STF como uma maneira de divulgar o trabalho do órgão. Ele afirma que todos os assistidos têm a mesma atenção e que este resultado aumenta a responsabilidade da Defensoria Pública.

"Não tenham preconceito com o trabalho de qualquer funcionário do estado. Ele tem qualidade técnica do mesmo nível de outros profissionais para fazer uma defesa de qualidade para qualquer cidadão", avisa.

Defensoria

Dr. Haman se formou em Brasília, na UDF. Ele conta que na época da faculdade não sabia em que área do direito iria trabalhar. Depois de advogar por alguns anos, estudou para concursos públicos e entrou na Defensoria em 2006, se identificando com a causa.

Trabalhar em outro órgão do judiciário ou sozinho está fora de questão. "Meu dia de amanhã é igual ao de ontem. Claro que tem momentos mais específicos e de maior reconhecimento, mas nem cogito deixar aquilo que faço", conclui Haman.

Mensalão

O defensor-geral prefere não dar um palpite de qual será o resultado do julgamento da Ação Penal 470.

Ele considera normal o claro conflito entre o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski. "O embate é próprio da magnitude do processo. A tensão no plenário é nítida. É uma responsabilidade muito grande poder condenar um inocente ou inocentar um culpado. Todos ali estão querendo agir com imparcialidade", explica Haman sobre a sua impressão do tribunal.

Ele considera o processo muito importante para a população, pois "alcançou dos mais humildes aos mais esclarecidos". A função da mídia também merece reconhecimento, de acordo com o defensor. Córdova destaca o papel do jornalismo na "tradução do juridiquês", e comenta com entusiasmo que a sociedade conhece cada vez melhor o judiciário, tanto a função como os cargos dentro da instituição.

Abobrinhas

Antes de decidir sobre o futuro de Carlos Alberto Quaglia, o relator Joaquim Barbosa afirmou que era preciso cortar as abobrinhas. Para o defensor-geral isso foi uma forma do ministro responder várias defesas que levantaram questões anteriormente julgadas pela corte. "Ele deixou a nossa por último porque sabia que aquela tinha um argumento mais forte", detalha o advogado que saiu vitorioso onde medalhões do direito não tiveram sucesso.

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