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Hugo Motta enfrenta desgaste político e perde apoio no Congresso

Presidente da Câmara é alvo de críticas da esquerda à direita, vê relação com Planalto e STF se deteriorar e passa a ser questionado por aliados históricos

Hugo Motta enfrenta desgaste político e perde apoio no Congresso (Foto: Marina Ramos/Agência Câmara )

247 - Alvo de críticas que vão da esquerda à direita, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), vive o momento mais delicado desde que assumiu o comando da Casa, há dez meses. Surpreso com a intensidade dos ataques, ele tem relatado a aliados abatimento com a turbulência política, que envolve o Palácio do Planalto, o PT, bolsonaristas e até antigos apoiadores.

Segundo reportagem de O Estado de S.Paulo, o desgaste se aprofundou após a operação da Polícia Federal sobre emendas parlamentares, deflagrada na sexta-feira, 12, por autorização do ministro do STF Flávio Dino. A decisão atingiu a servidora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, ex-braço direito de Arthur Lira (PP-AL), o que ampliou o distanciamento entre o ex-presidente da Câmara e seu sucessor, hoje em rota de colisão nos bastidores.

A crise ganhou novos contornos com a aprovação, em sessão tumultuada, do projeto de lei que reduz penas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. O episódio foi marcado pelo protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), retirado à força da cadeira da presidência, e motivou manifestações convocadas pela esquerda para este domingo. “Vamos devolver o Congresso para o povo”, anunciou o cantor Caetano Veloso em redes sociais.

No plenário, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), pediu a renúncia de Motta. “Vossa Excelência está perdendo as condições de continuar na presidência dessa Casa”, afirmou. Ao Estadão, acusou o presidente da Câmara de criar “armadilhas” para o governo Lula e de ter uma “atuação sistemática” contra o Planalto, citando pautas como o decreto do IOF, a urgência da anistia e a caducidade da MP que taxava bancos e fintechs. Procurado, Motta não respondeu.

Isolado, o presidente da Câmara passou a ser criticado também pelo PL, que o acusa de ter traído Bolsonaro, e por Arthur Lira, que defendeu a cassação de Glauber e atribuiu a Motta o fracasso da votação. Aliados reconhecem o cerco. “Hugo está tentando fazer um jogo de conciliação, mas vem sendo mal-compreendido. Com isso, ele apanha da direita, da esquerda e do governo”, resumiu o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), em meio ao receio do Planalto de que o impasse político comprometa a agenda econômica e o Orçamento de 2026.