Ilegal, voo de atores pode ter sido sabotado

247 – A produção do musical Xanadu errou – e feio – ao não manter um engenheiro de segurança em torno da operação dos cabos de aço que sustentavam o voo dos atores Danielle Vinits e Thiago Fragoso sobre a plateia, no final da encenação. Em razão dessa falta, que representa uma ilegalidade, a empresa Set Cavalheiro FX, responsável pela montagem dos cabos, e a produtora da peça serão multados pelo Crea – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio. Os valores ficarão entre R$ 1,5 mil e R$ 4 mil.

“As duas empresas praticaram exercício ilegal da profissão por não terem um engenheiro coordenando a operação do equipamento”, afirmou o vice-presidente do Crea, Jaques Sherique. “Temos de saber se a empresa, a produtora da peça e até o diretor Miguel Falabella sabiam dos riscos”, disse o delegado Thales Nogueira Braga, que investiga o caso. Ele não descartou a hipótese de sabotagem.

É com essa possibilidade que o dono da empresa Set Cavalheiro FX, Pedro Cavalheiro, também trabalha. Ele será um dos multados pelo Crea, mas acredita em sabotagem. “Sem interferência humana não existe possibilidade de o cabo se romper”. Seu irmão, Heitor, admitiu que a empresa atuava em Xanadu sem a presença de um engenheiro de segurança. “Usamos a tecnologia em peça em São Paulo e usamos aqui no Rio a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de lá”, acrescentou. “Não somo uma empresa de engenharia, mas de efeitos especiais. E não temos registro no Crea”.

Com cinco costelas fraturadas, o ator Thiago Fragoso continua internado no Centro de Terapia Intensiva da Casa de Saúde São José, sem previsão de alta. Sua parceira Danielle Winits machucou a boca, mas teve alta ontem. “Ouvi um pequeno estalo e vi a corda como se estivesse desfiando”, disse ela, a respeito do cabo de aço rompido. Ela também será ouvida no inquérito aberto para averiguar as causas do acidente.