Incompetência ou má-fé?

O Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, há dois anos. Lula comemorou como se tivesse dependido dele – e só dele – a relevante conquista.

Mais de um ano, ainda no seu governo, passou em branco. Nenhuma providencia de fundo foi adotada para satisfazer às exigências da Fifa. Nenhuma obra relevante, ligada as arenas esportivas, à mobilidade urbana e à infraestrutura foi trabalhada com seriedade.

Tudo ficou no ufanismo. “Nunca antes na História deste país…” e por aí em diante.

Dilma Rousseff nos preside faz seis meses e, também, nada de concreto produziu. Seu único gesto foi o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, instituído, supostamente, para vencer as barreiras da burocracia.

Óbvio que algumas perguntas não haverão de ofender a ilustre presidente: por que as obras e providencias não começaram logo após o anúncio de que o Brasil sediaria os dois eventos, um dos quais, a Copa, já às portas do calendário?

E se é para ganhar tempo, agilizando procedimentos, sem riscos de superfaturamento e, portanto, da velha e jamais cansada corrupção, por que não adotar esse Regime Diferenciado para sempre? O governo mente ou estaria aí o ovo de Colombo?

O inepto PAC, por exemplo, insistentemente glosado pelo TCU, apesar de andar feito tartaruga, estaria a salvo da ganância de empreiteiras misturada com interesses inconfessáveis de políticos e integrantes da máquina pública? Ou será que, sob o tal Regime Diferenciado, as irregularidades seriam ainda mais gritantes?

Disse a presidente que a nova regra visa a impedir a formação de cartéis. Repito: se é assim, por que não a adotaram antes? Por que não adotá-la daqui em diante?

Se não, por que contribuir com a ilicitude?

Se é assim, a presidente acredita que o sistema atual favorece a formação de cartéis? Se não é, por que faltar com a verdade e transmitir à sociedade informação que, na verdade, pretenderia desinformá-la?

Direto ao ponto: as obras vão lentas porque o governo é incompetente. Ou, pior ainda, porque arquitetou a lentidão justamente para, na hora do laço, ter a desculpa de fugir da legalidade e beneficiar empreiteiras “amigas” do poder.

*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado