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Jones Manoel: a esquerda que não fala em imperialismo não quer fazer o enfrentamento

Em entrevista à TV 247, o historiador e Youtuber Jones Manoel faz críticas ao que ele chama de "esquerda não reformista" no Brasil e avalia que toda forma de fazer política precisa incluir a compreensão e o debate sobre imperialismo. Sobre o secretário demitido Roberto Alvim, acredita que o que ele fez foi “deixar o negócio muito explícito. Ele rompeu uma barreira do aceitável das aparências” no apoio ao fascismo. Assista

A esquerda precisa enfrentar o imperialismo. (Foto: Reuters | Reprodução)

247 - O historiador e youtuber Jones Manoel conversou com a TV 247 nesta sexta-feira 17 sobre diversos assuntos, entre eles o vídeo de apologia ao nazismo feito pelo ex-secretário da Cultura de Jair Bolsonaro Roberto Alvim, que ocasionou sua demissão. Para Jones, Alvim apenas expressou o que pensa o governo internamente, mas ultrapassou o limite das aparências aceitáveis.

O pesquisador e escritor falou também sobre a forma de articulação e de se fazer política da esquerda no Brasil, que para ele escolhe o "não enfrentamento", especialmente quando não fala sobre o imperialismo em um país localizado na "periferia do mundo". Jones entende que os partidos que se afirmam progressistas no Brasil, como PT, PSOL e PCdoB, fazem parte de uma esquerda liberal. Assim como algumas personalidades vistas como lideranças na política antirracistas no País, para ele formam um grupo de antirracistas liberais.

Ele também falou que Jair Bolsonaro e companhia estão conectados a núcleos neofascistas. “O governo Bolsonaro, antes de ser miliciano, fundamentalista, corrupto, que representa o que de mais podre existe na classe dominante brasileira, ele é um governo que está plenamente integrado com vários grupos neofascistas que crescem cada vez mais no Brasil e veem no bolsonarismo a expressão do seus interesses”.

Jones Manoel afirmou que o chanceler Ernesto Araújo também manifesta pensamentos fascistas mas, diferentemente de Alvim, não os deixa tão explícitos. “O discurso do Ernesto Araújo é um discurso que tem vários elementos do fascismo brasileiro, do integralismo, vários e vários, só que o Ernesto Araújo soube manter uma aparência. O que o secretário de Cultura fez foi deixar o negócio muito explícito, ele rompeu uma barreira do aceitável das aparências”.

Para o historiador, esta corrente de pensamento estava, na política brasileira, acomodada no PSDB nos últimos anos. “O Brasil tem fortes raízes fascistas que nunca foram totalmente enfrentadas. Esse pensamento ultraconservador e fascista por muito tempo se escondeu ali no PSDB e veio em um processo de ascensão com essa crise capitalista e o golpe jurídico-parlamentar contra a DIlma em 2016”.

Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista na íntegra: