Judeus de esquerda rebatem ataques de sionistas e defendem autodeterminação do povo palestino
"Nossa luta enquanto judeus é pela emancipação de todos os povos, inclusive o palestino", diz a Articulação Judaica de Esquerda
247 - A Articulação Judaica de Esquerda, coletivo que reúne judeus de esquerda contrários à guerra de Israel na Faixa de Gaza, divulgou uma nota nesta terça-feira (21) rebatendo os ataques recebidos pelo grupo recentemente, vindos principalmente de sionistas radicais. Leia abaixo a íntegra do posicionamento:
Judias e Judeus, sim. Colonialistas, jamais!
Aos que nos atacam dizemos: seu ódio é combustível para nossa luta.
É sem espanto que percebemos e recebemos as reações fundamentalistas aos que lutam pela autodeterminação e emancipação dos povos. De todos os povos, inclusive o Palestino.
Para censurar e interditar qualquer tipo de debate ou manifestação, como cães raivosos, fundamentalistas da comunidade judaica atacam todos e todas, judeus ou não, que se colocam numa posição a favor da humanidade, isto é, pelo cessar-fogo dos ataques israelenses, pretensamente legitimados pelo direito a se defender, mas que tem levado à morte milhares e milhares de crianças, mulheres e idosos, sem esquecer os homens.
Esses fundamentalistas insistem em elaborar uma falsa associação automática entre o nosso judaísmo e o Estado de Israel, estabelecendo um laço entre nacionalismo reacionário e judaísmo, razão pela qual atacam quem se coloca contrário a esta falaciosa fusão.
Evidente que essas pessoas que colocam a autodeterminação de um povo por sobre a emancipação dos demais povos encontram-se no lixo da História, porém, infelizmente, elas possuem dedos e boca para proferir os mais nojentos ataques, confirmando que seu lugar é no rol dos algozes da História. Triste, mas não cabe à História varrê-los para seu devido lugar, e sim a nós que lutamos em prol de uma autodeterminação reconhecidamente aceitável, harmônica e justa entre os povos, judeus e palestinos.
Os ataques que nós, integrantes da Articulação Judaica de Esquerda, recebemos fazem parte de uma ação raivosa daqueles que desconhecem o debate e escolheram viver numa bolha. Muitos desses fundamentalistas se colocam hoje no papel de vítimas: seja no Brasil que assassina há 500 anos os povos originários e a população negra ou em Israel que, há décadas, massacra o povo palestino. Essas mesmas pessoas cobram empatia, devida, vale dizer, com as vítimas das ações de outubro de 2023, mas evitam ir além nessa cobrança, fechando os olhos para o massacre, não só aquele de décadas, mas o atual, que é levado adiante com maior intensidade ainda, sob a tutela desonesta do direito a se defender. E assim, um país nuclear mata mulheres e crianças palestinas.
Sempre atual a reflexão do falecido filósofo italiano Domenico Losurdo: “A autenticidade do envolvimento contra o racismo mede-se não a partir da homenagem, ainda que devida, para com as vítimas do passado, mas, antes, do apoio às vítimas atuais. Se não sabe tornar própria até o fundo a causa do povo palestino, a luta contra o racismo é somente uma frase vazia.”
Nossa luta enquanto judeus é pela emancipação de todos os povos, inclusive o palestino. Somos judeus e judias brasileiros e refutamos qualquer falsa associação colocada como imanente entre o judaísmo e o Estado colonialista de Israel. E reforçamos isso como lembrança à camarilha de canalhas que, ao estabelecer essa falsa vinculação, tenta negar um viés crucial da nossa identidade: o judaísmo. Judeus sempre! Colonialistas jamais! E aos que nos atacam, dizemos: seu ódio é combustível para nossa luta.
Enquanto houver um só ser humano sem liberdade, jamais seremos plenamente livres. Da mesma forma, enquanto houver um único povo subjugado e dominado, jamais poderemos gozar de uma liberdade plena.



