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Kotscho: Doria enterrou o PSDB e a 'terceira via sem futuro'

“Terceira via foi uma farsa lançada em colunas de jornal, em busca de um nome para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro”, argumenta o escritor Ricardo Kotscho

Kotscho: Doria enterrou o PSDB e a 'terceira via sem futuro' (Foto: Carla Carniel/Reuters | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

247 - O jornalista e escritor Ricardo Kotscho, no Uol, afirmou que o ex-governador João Doria (PSDB) enterrou o seu partido e a “terceira via sem futuro” ao desistir de ser candidato à presidência nesta segunda-feira, 23, após pressão dentro do PSDB para apoiar a senadora Simone Tebet (MDB)

“Nas últimas semanas, sem a companhia de nenhum líder do partido, o ex-governador de São Paulo já parecia um candidato fantasma vagando pelo país, fazendo campanha só pelo Twitter, enquanto a cúpula do PSDB o apunhalava pelas costas e se acertava com o MDB para apoiar a candidatura de Simone Tebet”, lembrou Kotscho.

Segundo ele, a “terceira via foi uma farsa lançada em colunas de jornal, em busca de um nome para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro”. “Mas nenhum emplacou”, escreve, lembrando de Luciano Huck e do ex-juiz parcial Sergio Moro. 

“Por exclusão, chegaram ao nome de Simone Tebet, do MDB, que nunca passou de 2% nas pesquisas, o mesmo índice de Doria”, afirma.

“Com seu gesto de abnegação forçada, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo João Doria acabou de enterrar o que restava do velho PSDB de tantas glórias e tradições dos tempos de FHC e Mario Covas”, argumentou.

Kotscho lembrou que, atualmente, o PSDB, que já teve dois mandatos presidenciais, está “reduzido ao papel de mero coadjuvante na campanha presidencial” e “só conseguiu formar uma federação com o nanico Cidadania, de Roberto Freire”. O escritor ainda disse que o presidente da legenda, Bruno Araújo, é “um obscuro político de Pernambuco”.

“Até tentaram mudar o nome de terceira via para centro democrático, mas não adiantou nada, por absoluta falta de ideias, líderes e projetos para emplacar uma candidatura competitiva”, afirma. Apesar de diversas reuniões entre PSDB e MDB, “nada indica que, finalmente, conseguirão formar uma chapa capaz de disputar as eleições para valer”.

“Nunca se gastou tanto espaço e tempo para discutir um projeto político que na verdade nunca existiu, para no fim tudo voltar a ser uma disputa entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro”, afirma. “Viúvas da terceira via continuarão chorando e esperneando nas colunas da imprensa contra a falsa ‘simetria dos extremos’, como se não estivesse em jogo o futuro da democracia do país, em meio à maior crise institucional após o fim da ditadura militar”, continua.

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