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Brasil

Kotscho: se pudessem 70 mi de brasileiros iriam embora no Brasil pós-golpe

Jornalista Ricardo Kotscho repercute a pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (17), segunda a qual 70 milhões de brasileiros com mais de 16 anos iriam viver em outro país; "Significaria a maior diáspora de uma geração e comprometeria definitivamente o nosso futuro", diz o jornalista; "Leiloaram, sem dó nem piedade, o nosso futuro. E semana que vem tem mais. Não vão deixar pedra sobre pedra, nenhum barril de petróleo para contar a história do pré-sal"

Jornalista Ricardo Kotscho repercute a pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (17), segunda a qual 70 milhões de brasileiros com mais de 16 anos iriam viver em outro país; "Significaria a maior diáspora de uma geração e comprometeria definitivamente o nosso futuro", diz o jornalista; "Leiloaram, sem dó nem piedade, o nosso futuro. E semana que vem tem mais. Não vão deixar pedra sobre pedra, nenhum barril de petróleo para contar a história do pré-sal" (Foto: Leonardo Lucena)
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Por Ricardo Kotscho, em seu blog - Pesquisa Datafolha divulgada deste domingo confirma um sentimento cada vez mais forte na população: os brasileiros querem deixar o Brasil que sobrou do golpe parlamentar de 2016.

Já fomos 70 milhões em ação, lembram-se? Agora, se pudessem, 70 milhões de brasileiros com mais de 16 anos iriam viver em outro país, o que significaria a maior diáspora de uma geração e comprometeria definitivamente o nosso futuro.

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Os números são mais dramáticos entre os jovens: seis em cada dez brasileiros entre 16 e 24 anos sonham em ir embora, o equivalente a toda a população de Minas Gerais, como mostra a reportagem de Ana Estela de Sousa Pinto, na Folha.

O Brasil deixou de ser o país do futuro. É um país sem futuro para os jovens, que já tem cerca de 30 milhões de trabalhadores sem emprego ou subempregados.

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Apenas quatro anos atrás, nas ultimas eleições gerais, se esta mesma pesquisa tivesse sido aplicada, os resultados certamente seriam bem diferentes, absolutamente opostos.

Em 2014, o Brasil vivia uma situação de pleno emprego, com renda crescente em todas as faixas sociais, todos os indicadores econômicos positivos, a autoestima em alta num país respeitado em todo o mundo.

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É só virar o mapa sócio-econômico do país de cabeça para baixo para encontrarmos a situação atual, em que o país voltou a torrar suas reservas para evitar a disparada do dólar e virou motivo de chacota por onde a gente passa no exterior.

Derrubaram uma presidente eleita em nome do combate à corrupção e colocaram uma quadrilha no poder, com o único objetivo de atender ao mercado, aos interesses estrangeiros e destruir as conquistas sociais dos trabalhadores nas últimas décadas.

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Voltamos vinte anos em dois, como dizia a propaganda do governo, sem vírgula.

Brasileiros hoje, dia da estréia da seleção na Copa da Rússia, têm vergonha de usar a camisa amarela e de agitar bandeirinhas.

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Muitos já foram embora daqui, de vergonha ou por falta de trabalho e de esperança.

Dobrou nos últimos anos o pedido de vistos para os Estados Unidos e só no consulado de Portugal em São Paulo houve 50 mil concessões desde 2016, o ano do golpe.

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Este êxodo só tende a crescer porque nem as eleições marcadas para daqui a menos de quatro meses trazem qualquer esperança de que este cenário possa mudar, qualquer que seja o eleito.

Em entrevista ao Estadão deste domingo, um dos candidatos governistas, o tucano Geraldo Alckmin, deu uma patética declaração sobre a “ilegitimidade” do governo Michel Temer por não ter sido eleito.

Só descobriu isso agora? Onde ele estava quando o seu partido, o PSDB, comemorou com Temer o impeachment de Dilma Rousseff para voltar ao poder sem ter sido eleito, nomeando vários ministros?

Agora ninguém quer carregar o caixão que eles próprios construíram para subir a rampa do Palácio do Planalto sem votos.

São os votos que agora faltam a Alckmin para desempacar nas pesquisas, em que não ganha de Jair Bolsonaro nem em São Paulo, que seu partido governa há mais de vinte anos.

A pesquisa Datafolha sobre o desencanto dos brasileiros com o Brasil é o réquiem de uma operação arrasa-quarteirão para destruir o país e que agora pode cair nas mãos de um alucinado ex-capitão do Exército.

Enquanto isso, o moribundo governo Temer vai se arrastando nos porões dos palácios, execrado pela população, nos seis meses e meio que ainda lhe restam.

Se eu fosse um pouco mais jovem e não tivesse cinco netos aqui, tomaria o mesmo rumo de 43% da população brasileira que quer sair do Brasil antes que seja tarde.

Lamento muito, mas este é o resumo da ópera num dia que deveria ser de festa, todos juntos na mesma emoção, mas vive um clima de velório.

Ganhando ou perdendo na Rússia, tanto faz, o Brasil nunca mais será o mesmo nem que Neymar faça chover.

Nada será capaz de melhorar nossas vidas tão cedo. Leiloaram, sem dó nem piedade, o nosso futuro. E semana que vem tem mais. Não vão deixar pedra sobre pedra, nenhum barril de petróleo para contar a história do pré-sal.

Vida que segue.

 

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