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Legalização da maconha: um debate necessário

Nos EUA, metade da populao aprova a liberao; no Brasil, no entanto, a discusso foi interditada desde que o deputado Paulo Teixeira, lder do PT na Cmara, tocou no assunto

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247 – No filme “Simplesmente complicado”, em que Meryl Streep e Alec Baldwin interpretam um casal de meia idade que se reencontra, uma das cenas mais hilariantes é aquela em que a atriz fuma um baseado antes de ir a uma festa de família. Uma cena bem feita, na medida exata, e que não escandaliza ninguém, porque retrata a maconha como ela é: uma droga leve, que libera as energias de um determinado lado do cérebro, tornando as pessoas mais engraçadas e abobadas, durante um determinado período. A cena também diverte porque os “maconheiros” ativos, ou aqueles que já fumaram socialmente no passado, mas deixaram de fazê-lo porque vivem atolados sob o peso de responsabilidades profissionais ou familiares, hoje estão no poder, seja no comando de empresas, dos governos e até dos estúdios de Hollywood. É uma cena que evoca sensações divertidas da juventude e expõe a maconha quase que como uma droga de família.

Não é por outro motivo que a discussão sobre a liberação da maconha – ou pelo menos sua descriminalização – tem avançado no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Pew Reasearch revela que essa é a tendência social que apresenta o mais consistente ritmo de crescimento – ela se fortalece ano após ano. Em 1990, 81% dos americanos eram contra a liberação da maconha e 16% eram a favor. Em 2000, os números mudaram para 63% (contra) e 31% (a favor). E neste ano já existe quase um empate técnico entre os 50% (contrários) e os 45% (favoráveis) à descriminalização da droga. No ano passado, a Califórnia tentou ser o primeiro estado a aprovar a legalização. Os partidários da droga utilizaram o slogan “Yes, we cannabis”, alusivo ao “Yes, we can”, de Barack Obama, mas foram derrotados por muito pouco.

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Se, nos Estados Unidos, o tema é discutido abertamente, na Europa já se foi mais longe. Portugal liberou o fumo e a Espanha também descriminalizou o consumo. Em ambos os países, as estatísticas revelaram queda dos índices de violência associados ao tráfico de drogas, uma vez que a atividade, legalizada, tornou-se mais fiscalizada e menos rentável. Por isso mesmo, os países mais afetados pelo tráfico de drogas já discutem abertamente o tema. É o caso do México, onde o ex-presidente Ernesto Zedillo, propõe a legalização da maconha. No Brasil, o primeiro político de expressão a tocar no assunto foi o deputado federal Fernando Gabeira. Mais recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aderiu à causa.

Mas esse debate, que vinha avançando de forma natural, foi interditado desde que o deputado Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara dos Deputados, tocou no assunto. Numa palestra, ele defendeu a descriminalização de drogas levas e a criação de cooperativas de plantio e de consumo. Teixeira foi ridicularizado, esse debate necessário foi mais uma vez postergado e o deputado teve que voltar à internet para esclarecer sua posição. Em entrevista ao blog do jornalista Renato Rovai, editor da revista Forum, ele esclareceu sua posição. “Em Portugal, eles conseguiram diminuir a violência com essa descriminalização. Na Espanha, eles tiraram o consumidor do contato com o crime. A minha proposta é debater uma estratégia alternativa de guerra às drogas, associada à redução de danos, como na Europa”, disse ele. “A questão da descriminalização precisa ser discutida. Porque quem precisa tratar do usuário não deve ser nem a polícia nem o tráfico. E neste sentido de ampliar o debate às experiências internacionais, uma das questões que precisa ser considerada é como deprimir economicamente o tráfico. É nesse sentido que se discute a questão do plantio cooperativado”, concluiu.

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Em síntese, a posição do deputado Paulo Teixeira não é muito diferente da do ex-presidente Fernnado Henrique Cardoso. E a gritaria despertada em setores conservadores da sociedade apenas revela que é preciso insistir no tema. Detalhe: Paulo Teixeira é contra a publicidade de bebidas alcoólicas na TV, uma vez que existem muito mais mortes associadas ao álcool do que a qualquer outro tipo de droga.

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