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Lucas Bove fumava maconha e apontava arma para ex-mulher, afirma Promotoria

Ministério Público de São Paulo pede prisão preventiva do parlamentar por descumprir medidas protetivas contra a ex-mulher, Cíntia Chagas

Lucas Bove (Foto: Rodrigo Costa/Alesp)

247 - O Ministério Público de São Paulo denunciou o deputado estadual Lucas Bove (PL) por violência doméstica, ameaças e intimidação contra a ex-mulher, a influenciadora digital Cíntia Chagas. A denúncia, apresentada à Justiça nesta quinta-feira (23), pede a prisão preventiva do parlamentar por “reiterados descumprimentos de medidas protetivas” determinadas em favor da vítima. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a Promotoria, Bove tinha o hábito de fumar maconha e de apontar uma arma para Cíntia durante discussões. Uma testemunha afirmou ter presenciado, em 2024, o deputado fumar maconha, apalpar a influenciadora por cima da roupa e dizer: “Olha o que eu faço com a sua amiga”. O episódio foi classificado como “intimidação ostensiva” e teria deixado as duas mulheres constrangidas.

A denúncia também detalha um histórico de comportamentos agressivos desde 2022, incluindo ameaças e controle excessivo. Em uma das ocasiões, Bove obrigou Cíntia a apagar uma foto de campanha publicitária em que aparecia com roupas de ginástica, afirmando que ela estava com a “perna arregaçada” e deveria “ser decente daqui por diante”.

Em outro episódio, o deputado teria dito a uma amiga da influenciadora: “Cadê aquela vagabunda? Eu vou matar ela”. No mesmo dia, dirigiu-se a Cíntia afirmando: “Você só não vai apanhar agora porque tem 6 milhões de seguidores”, aproximando-se do rosto dela com o punho fechado e ameaçando queimar seus pertences.

Em setembro de 2024, a influenciadora procurou a polícia e relatou agressões físicas e psicológicas sofridas durante o relacionamento. O inquérito foi concluído em 15 de setembro deste ano e encaminhado à Justiça. No pedido de prisão, a promotora Fernanda Raspantini Pellegrino afirmou que “o autor possui a devida ciência acerca da necessidade de respeitar as medidas protetivas, porém, ele não o faz por acreditar que não será responsabilizado pelas consequências de seus atos”.

A Promotoria incluiu na denúncia o crime de lesão corporal, ponto que havia sido descartado pela delegada responsável pelo inquérito por falta de provas. A advogada de Cíntia, Gabriela Manssur, criticou a decisão anterior e afirmou à época: “Entendo que a denúncia deve englobar a violência física, comprovada nos autos”.

Em publicação nas redes sociais, Cíntia comentou a denúncia: “Para quem duvidou: lesão corporal. Hoje, durmo aliviada. Sigo acreditando na Justiça”. Ela também afirmou que “é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder”.

A defesa do parlamentar, representada pelo advogado Daniel Bialski, declarou que Bove recebeu a denúncia “com surpresa” e sustentou que “inexistem razões, pressupostos e ou requisitos para a cogitação ou adoção dessa medida”. Afirmou ainda que o deputado “confia na Justiça e continuará empenhado em comprovar que não praticou crime algum”.

Pelas redes sociais, Bove criticou a Promotoria e disse que “a militância feminista que alcançou o poder público deixa claro que, se você for mulher, não precisa cumprir as regras impostas pela Justiça”. Segundo ele, há “descredibilização das verdadeiras vítimas de violência” causada por “falsas denúncias”.

Já a advogada da influenciadora considerou o avanço da Promotoria um passo importante. “A mensagem que fica é clara: ninguém está acima da lei e da Justiça. Essa atuação demonstra que a lei existe para todas e contra todos que a violarem, independentemente do cargo que ocupem”, afirmou.

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