'Magistrados que vão a Israel também deveriam ir a Gaza', diz coordenador do grupo Prerrogativas
Marco Aurélio de Carvalho disse que o papel de um magistrado é exercer a imparcialidade após a Conib convidar ministros do STF e STJ a visitar Israel
247 - O coordenador do grupo jurídico Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho,classificou como "no mínimo estranha" a viagem que magistrados brasileiros farão a Israel neste mês a convite das entidades sionistas Confederação Israelita do Brasil (Conib) e Stand With Us Brasil. Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o advogado avalia que os magistrados também deveriam estender sua visita à Faixa de Gaza, território alvo frequente de bombardeios israelenses.
O convite das duas organizações foi a ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de desembargadores e juízes, e propõe uma incursão para entender os impactos jurídicos, sociais e econômicos do conflito entre Israel e o grupo Hamas. Carvalho destaca a importância de uma abordagem imparcial, sugerindo que a comitiva também ouça os palestinos em Gaza para compreender a realidade do conflito.
"Se o propósito [da ida] for, de fato, oferecer a possibilidade dos magistrados conhecerem a realidade do conflito, a gente sugere que essa comitiva passe por Gaza. Fique um dia, ao menos, para poder ouvir os palestinos e ver com os próprios olhos o que está acontecendo", destacou Carvalho.
“Aliás, esse é o papel dos magistrados. Para ser imparcial, é importante ouvir todos os lados para poder formar sua própria convicção", completou.
O advogado, porém, faz um alerta para que a comitiva tome cuidado caso passe pela zona de conflito. "[Os magistrados] podem não voltar para contar o que viram, já que o governo de extrema direita [do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu] costuma bombardear civis".
A viagem de cinco dias também incluirá encontros com as Forças de Defesa de Israel e eventos para debater questões legais, institucionais e geopolíticas do Oriente Médio. Em nota, a Conib afirmou que a iniciativa é de caráter privado e será custeada integralmente pelas entidades envolvidas.
De acordo com o Ministério da Saúde paulestino, mais de 24 mil palestinos foram mortos por Israel em Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023, quando a escalada do conflito teve início.
