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Brasil

Moniz Bandeira diz que esquerda deve perder preconceito com militares

O cientista político e escritor Luiz Alberto Moniz Bandeira adverte a sociedade brasileira e os setores progressistas da política para a importância de abandonarem o preconceito contra as Forças Armadas. Para o cientista, somente uma intervenção militar para a transição democrática pode barrar o desmonte do Brasil e dos direitos históricos dos brasileiros; confira entrevista a Wellington Calasans, do Cafezinho

O cientista político e escritor Luiz Alberto Moniz Bandeira adverte a sociedade brasileira e os setores progressistas da política para a importância de abandonarem o preconceito contra as Forças Armadas. Para o cientista, somente uma intervenção militar para a transição democrática pode barrar o desmonte do Brasil e dos direitos históricos dos brasileiros; confira entrevista a Wellington Calasans, do Cafezinho (Foto: Leonardo Attuch)
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Moniz Bandeira - A sociedade brasileira está narcotizada pela imprensa

Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho

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O cientista político e escritor Luiz Alberto Moniz Bandeira adverte a sociedade brasileira e os setores progressistas da política para a importância de abandonarem o preconceito contra as Forças Armadas. Para o cientista, somente uma intervenção militar para a transição democrática pode barrar o desmonte do Brasil e dos direitos históricos dos brasileiros.

Com a colaboração da leitora Camila Govedice, temos aqui a transcrição da entrevista:

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Transcrita por Camila Govedice

Wellington Calasans - Eu vou conversar agora com o cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira que esta na Alemanha. Professor Moniz, é sempre um prazer falar com o senhor.
Professor Moniz, mais uma vez vamos ter que falar sobre a intervenção militar para transição democrática que o senhor sugeriu. O senhor poderia explicar o que diferencia uma intervenção proposta pelo senhor nos tempos atuais, daquela de 1964 que faz com que muita gente tenha medo? 

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Professor Moniz Bandeira - Eu não estou defendendo o golpe de Estado. Não se trata absolutamente disso. É necessário, antes de mais nada, acabar com o preconceito contra as Forças Armadas, decorrente do golpe militar de 1964. A facção que deu o golpe militar em 1964 não pode ser confundida com as Forças Armadas no seu conjunto. As Forças Armadas são uma instituição do Estado-Nação; existem e existirão enquanto o Brasil for um Estado-Nação, isso eu sempre disse. E há momentos em que elas têm que intervir como aconteceu, por exemplo, em 1955 que o General Lott interveio para garantir a posse de Juscelino Kubitschek e retoma os quadros constitucionais vigentes. Quando um governo sai dos quadros constitucionais vigentes, como é o caso atual, a intervenção das Forças Armadas para restabelecer a ordem constitucional é legal.

Wellington Calasans - Professor, então nesse caso, a intervenção militar proposta pelo senhor é uma intervenção para barrar uma ditadura de Temer, uma anarquia que foi criada para o desmonte do Estado Social e da soberania nacional, é isso, então?

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Professor Moniz Bandeira - Exatamente! Exatamente isso que eu venho dizendo. O Brasil está sob uma ditadura porque o presidente de fato, Michel Temer, não foi eleito com esse programa. Ele foi vice da chapa de Dilma Rousseff com outro programa que não era esse. O Congresso assumiu poderes constituintes inconstitucionalmente porque não foi eleito com ele, com esse mandato, não teve esse mandato. Nem Temer teve o mandato, nem Temer tem o mandato de fazer esse programa de desmonte de toda uma legislação que existe e da Constituição, como por exemplo a introdução da PEC que congelou os gastos por 20 anos, a legislação trabalhista consolidada, e outras coisas. E agora pretende vender o esteio, o esteio da soberania nacional e do poder: o pré-sal e as hidrelétricas.

Wellington Calasans - Além de tudo, falam na Floresta Amazônica, falam também em privatizar os bancos, BNDES, Banco do Brasil, Casa da Moeda…

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Professor Moniz Bandeira - Também é outro crime. É outro crime. Agora eu estou falando, um país sem energia não tem poder.

Wellington Calasans - Um país sem energia não tem poder. 

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Professor Moniz Bandeira - Um país que não controla a sua própria energia não tem o poder. 

Wellington Calasans - Professor Moniz, um dos sonhos do senhor, que o senhor ja confessou para mim em conversas informais, quando era jovem, era de ter ingressado na Marinha Brasileira. Como é que o senhor avalia a condição a que foi submetido o Almirante Othon, que foi o inventor de uma tecnologia própria brasileira para o navio com tecnologia nuclear? Como é que o senhor avalia esse tipo de situação em que vive o Almirante e qual o papel da Marinha para tentar evitar que essa injustiça seja mantida? 

Professor Moniz Bandeira - A Marinha está muito revoltada com tudo. Pelo que eu sei, não é só isso, a Defesa Nacional foi desmontada. Está paralisada. A Artilharia de Costa e a (incompreensível) está paralisada. A fábrica de submarino, eu acho que anda a passos de tartaruga. Sem dinheiro. O Exército está voltando à mesma condição da época de Fernando Henrique e de Collor, quando não tinha dinheiro sequer para pagar a comida dos recrutas.

Wellington Calasans - Professor, o senhor fala muito em intervenção externa, sobretudo dos EUA para promover esse assalto das riquezas brasileiras e o senhor vê, de alguma maneira, esse sucateamento da força de defesa brasileira como parte dessa estratégia norte-americana no Brasil? 

Professor Moniz Bandeira - Evidente. E além do mais, há uma coisa que ninguém pode contestar: o Procurador Geral da República…

Wellington Calasans - Rodrigo Janot.

Professor Moniz Bandeira - Rodrigo Janot foi a Washington prestar contas do trabalho que ele faz , em colaboração com os EUA. Isso eu tenho documento aqui à conferência dele e do Chefe do Departamento Criminal dos EUA, do Vice Ministro da Defesa dos EUA, Vice Secretário, Secretário Adjunto, sobre a cooperação e salientando, principalmente as empresas Petrobras, Odebrecht, Embraer.
O Moro foi treinado nos EUA e na Embaixada dos EUA, treinado para esse tipo de guerra jurídica, de destruição e está sempre prestando e até agora ele não prestou esclarecimento de quem pagou a viagem e as conferências dele nos EUA, Portugal, Alemanha e Inglaterra. Não explicou. 
Quem pagou para ele dizer, dar conferências que é sobre a corrupção no Brasil, desmoralizando o Brasil? 

Wellington Calasans - Então, professor, o senhor acredita que tanto Moro como também o Rodrigo Janot, eles são a parte jurídica dessa estratégia de invasão norte-americana no Brasil?

Professor Moniz Bandeira - Claro, estão a serviço… Não estou dizendo que recebam dinheiro, absolutamente. Eu não tenho prova, mas que objetivamente estão a serviço dos EUA, estão.

Wellington Calasans - Professor, o senhor acredita que vai chegar um momento em que a sociedade brasileira irá reagir à tudo isso que está assistindo até aqui de forma passiva?

Professor Moniz Bandeira - A sociedade brasileira está narcotizada pela imprensa.

Wellington Calasans - Narcotizada pela imprensa?

Professor Moniz Bandeira - Narcotizada! Pela imprensa, sobretudo por alguns órgãos de televisão. Intoxicam, não apresentam a realidade como ela é. É toda distorcida. 

Wellington Calasans - Qual seria o caminho?

Professor Moniz Bandeira - Estou falando isso aqui porque a imprensa europeia, alemã, onde eu estou, é muito mais objetiva.

Wellington Calasans - Sem dúvida. Sem dúvida alguma. Eu acho que o europeu conhece mais o que está acontecendo hoje no Brasil do que o próprio brasileiro.

Professor Moniz Bandeira - Sem dúvida quem está no exterior conhece. A grande massa brasileira está narcotizada pela imprensa, pela mídia.

Wellington Calasans - Mas há exemplos na história em que podemos adaptar para essa realidade vivida no Brasil e possa servir de referência para que o povo brasileiro…

Professor Moniz Bandeira - Eu só vi a grande massa brasileira, antes havia isso, hoje não. Porque o nível de educação brasileiro hoje é dos mais baixos do mundo. Não tem, está faltando educação. Tudo decaiu no Brasil. A educação básica e agora… Os militares tinham melhorado as universidades, desde 68 melhoraram as universidades. Criaram o Programa do CNPQ com bolsas, deram dinheiro para as universidades, tudo. O curso básico eles rebaixaram. Agora, nem as universidades. E ainda, o presidente de fato, Michel Temer, cortou todas as bolsas, o CNPQ não tem bolsa mais. Nenhuma universidade mais tem dinheiro. Criando um país de analfabetos, de ignorantes. Não há pesquisa. Os pesquisadores, professores, todos estão protestando por causa disso. É justamente para rebaixar o nível do Brasil cada vez mais, da educação. É um povo sem educação, é povo de escravo. Sem educação, o brasileiro é escravizado.

Wellington Calasans - Mas a educação, professor, é um investimento de médio e longo prazos, então, o senhor acredita que essa intervenção militar para transição democrática seja a única saída do curto prazo?

Professor Moniz Bandeira - Creio. Nós não podemos empurrar as Forças Armadas para a direita. Temos que perder o preconceito e ver que somente uma intervenção pode ajustar, porque o Judiciário está apodrecido, o STF cheio de contradições, não tem mais aquela austeridade de antes, aquele respeito que antes tinha. Tem os ministros que são politizados. Agora um deles foi para os EUA defender lá na Wilson Center, defender a Lava-Jato, etc. O Ministro do STF.

Wellington Calasans - O Barroso.

Professor Moniz Bandeira - É. O Legislativo nem se fala, todo comprado. E o Executivo é o Executivo de fato, que assumiu mediante um golpe de Estado, com verniz da legalidade. É uma ditadura com verniz da legalidade. 

Wellington Calasans - Professor, mas aos olhos do mundo, como o senhor mesmo falou há pouco, a imagem do Brasil não é esse paraíso que pinta a imprensa brasileira para os brasileiros, não é?

Professor Moniz Bandeira - A imagem do Brasil hoje está na lama. Pensar que vão investir no Brasil dessa maneira é muito… Um país em recessão, o dinheiro não vai para país em recessão, o capital não vai para um país em recessão. E não veem perspectiva, não têm segurança. Não há segurança com relação ao destino do Brasil, se esse governo se mantém ou não. Não há segurança.

Wellington Calasans - O único favorecido, então, nesse caso aí, é quem está tentando tomar a energia brasileira, de petróleo e…

Professor Moniz Bandeira - Não, e os banqueiros também.

Wellington Calasans - Os banqueiros também, não é? 

Professor Moniz Bandeira - Que querem empurrar a Previdência Social para poder privatizá-la e entregá-la aos banqueiros. A reforma da previdência tem seu objetivo. E os que estão satisfeitos são os empresários porque com a revogação da lei trabalhista que eles nunca aceitaram. 
Quando Getúlio Vargas estabeleceu as leis sociais, porque o Código de Consolidação é de 42, mas as leis foram adotadas já antes de 35 e os empresários protestavam. Getúlio pediu a Chateaubriand para marcar um encontro com os empresários em São Paulo para explicar. Não adiantou. Os empresários só reclamavam da fiscalização do Ministério do Trabalho, etc. O Getúlio Vargas chegou se aborreceu, não disse nada, apenas pediu licença e saiu com o Ajudante de Ordem dele, que futuramente seria seu genro, Amaral Peixoto, Ernani do Amaral Peixoto, e na porta diz para o Ernani: “Eu não aguento mais esses burgueses burros. Estou tentando salvá-los e eles não entendem”.
Depois ocorreu a Rebelião Comunista. Isso quem me contou foi o próprio Ernani do Amaral Peixoto que era, tinha muito boas relações de amizade, como com a a Alzira Vargas que eu tenho muitas saudades.

Wellington Calasans - Muito obrigado, Professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, por essa entrevista aqui ao blog O Cafezinho.

Professor Moniz Bandeira - Muito obrigado, Wellington e aos seus ouvintes e leitores de Cafezinho.

Wellington Calasans - Muito obrigado, Professor.

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