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Brasil

Morre Clemente, o último comandante militar da ALN

Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz liderou a organização que lutou contra o regime militar; era músico e escritor

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Por Rentao Dias, para o 247 - Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz deu o que chama de tiro de misericórdia no presidente da Ultragás e financiador de torturas, Henning Albert Boilensen

Revolucionário desde os 16 anos de idade, ainda secundarista, executou tambémo militante da organização, que queria deixar a guerrilha, Márcio Leite de Toledo

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Legendas das fotografias:

1 – Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz

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2 – Henning Albert Boilesen

3 – Manifestação contra a ditadura

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4 – Carlos Marighella

Registros para a História

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O último tiro. De misericórdia. Depois da saraivada de balas. Contra o presidente da Ultragás, Henning Albert Boilesen. Um dinamarquês radicado no Brasil que financiava a tortura a presos políticos. Nos anos de chumbo & de ouro. Quem apertou o gatilho? Ele: Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. O último comandante militar da ALN. A Ação Libertadora Nacional. Uma organização de extrema-esquerda. Fundada pelo carbonário baiano, filho de um italiano de olhos azuis e de uma negra, neta de escravos, da etnia Haussá, Carlos Marighella, que adotou a estratégia de luta armada contra a ditadura civil e militar. Sob a inspiração na revolução de 1º de janeiro de 1959, em Cuba, e nas ideias de Régis Debray, autor do seminal ‘Revolução na Revolução’. Uma fagulha que incendiaria a seca pradaria. O ex-guerrilheiro morreu, dia 29 de junho de 2019, em Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. De câncer de garganta e com problemas cardiovasculares. O corpo foi velado, dia 30, no Memorial Bom Pastor. À Avenida das Lágrimas, número 600, Sala 8, Ribeirão Preto. A cerimônia de cremação ocorreu às 13h. Com 30 minutos de adeus ao revolucionário marxista. Local: Crematório Ecológico, instalado à Rodovia Cândido Portinari, Km 321, próximo ao estabelecimento Clube Regatas. Nascido em Maceió, Alagoas, 23 de julho de 1950, morreu aos 69 anos de idade. Enterro sob forte comoção.

A sua aventura revolucionária iniciou-se aos 16 anos de idade. Secundarista. No Colégio Pedro II. Ano: 1966. Dois anos depois do golpe de Estado civil e militar de 1º e 2 de abril de 1964. Operação civil [Fiesp, CNBB, OAB, ABI, PIB do Brasil], militar [Exército, Marinha, Aeronáutica, Força Pública Militar], midiática [Conglomerados de comunicação, monopólios de mídia], jurídica [STF], institucional [Congresso Nacional] e internacional, com a ativa participação dos Estados Unidos, com Lyndon B. Johnson,  Inglaterra e França, que depôs o presidente da República, João Belchior Marques Goulart. Latifundiário. Um ex-ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, rotulado de ‘O Pai dos Pobres’. Apesar de ter decretado o Estado Novo. Longe de ser comunista, Jango, cunhado de Leonel Brizola, era, sim,  um nacional-estatista. Mais: em sua versão trabalhista.  Com raízes em São Borja, Rio Grande do Sul.  ‘Clemente’ foi o ‘codinome’ de Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Ele serviu o Exército Brasileiro [EB], hegemônico nas Forças Armadas, no tradicional Forte de Copacabana. A sua ideia estratégica era receber treinamento militar e aprender as múltiplas operações de contraguerrilha. Exímio atirador,  chegou a ser condecorado na caserna. Carlos Marighella morre em 4 de novembro de 1969. Joaquim Câmara Ferreira, ‘Toledo’, ‘Velho’, é assassinado no dia 23 de outubro: 1970. 

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A captura do general

O revolucionário tentou capturar, ato revolucionário, o que não é sinônimo de sequestro, que se trata de um ‘crime comum’, como conceitua o historiador e escritor gauche renovado Daniel Aarão Reis Filho, doutor em História Contemporânea, da Universidade Federal Fluminense [UFF], o comandante do II Exército, general Humberto de Souza Mello. A operação acabou sem captura, presos, mortos ou feridos. Os guerrilheiros cercaram o oficial e a sua família. Com armas nas mãos. De grosso calibre. Em uma igreja na Vila Mariana. Em São Paulo, capital. Agentes da repressão política e militar cercaram, em seguida, os revolucionários. O militar, com sangue frio, sugeriu a retirada de todos. Para evitar um morticínio. O que ocorreu. O que mancha a sua biografia política seria a execução, o que ele classificaria como ‘justiçamento revolucionário’, de Márcio Leite de Toledo, militante da ALN, que decidira depor as armas, em autocrítica da guerrilha urbana. Ao lado de Paulo de Tarso Celestino, advogado graduado na UNB, com treinamento em Cuba, nascido em Goiás, filho do ex-presidente do TCE Pedro Celestino, e de Zuleika Celestino, e de mais quatro ativistas e defensores do ‘minimanual do guerrilheiro urbano’, formulado por Carlos Marighella, matou o companheiro. Triste dia 23 de março de 1971. À Rua Caçapava, número 45, em São Paulo. Palco da guerrilha urbana no País.

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Como a revolução faltou ao encontro, no Brasil, um País de dimensões continentais, Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz fugiu para o Chile, depois para a Europa e rejeitou projetos revolucionários. Como o de Arnaldo Ochoa, cubano.  A sua mãe Maria da Conceição foi presa e torturada. Com a anistia, retornou ao Brasil. A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça o anistiou. No ano de 2010. O relator do seu caso é Egmar José de Oliveira, de Goiás, advogado e ex-vice-presidente da instância. Uma das medidas da tardia e incompleta Justiça de Transição, no Brasil. Bem distante dos modelos adotados na Argentina e no Chile, Cone Sul; de Portugal, Itália, Grécia, Europa, Velho Mundo; além da África do Sul, com Nelson Mandela, preso político durante 27 anos do Apartheid, regime de segregação racial. Autor dos livros Viagem à Luta Armada [1996], Editora Civilização Brasileira, e Nas Trilhas da ALN [1997], Editora Record. A sua companheira Ana Maria Nacinovic Correia foi executada extrajudicialmente. A sangue frio. Músico, ele casou-se com Maria Claudia Badan Ribeiro, doutora, autor de livro sobre a participação das mulheres na ALN e na luta armada no Brasil contra os civis e militares no poder. Uma noite que durou 21 anos, como apontam Flávio Tavares e Camilo Tavares. O filme documentário ‘Codinome Clemente’, de Isa Albuquerque, foi exibido no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, França, Europa, em 2019. A produção cinematográfica é inédita no Brasil.

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