CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Brasil

Movimento negro representava uma afronta à ideologia racial da ditadura militar, apontam documentos

Segundo relatórios do Serviço Nacional de Informações (SNI), o movimento negro buscava semear o antagonismo racial, manchar a imagem do país no exterior e ameaçava a ordem social

Protesto contra a ditadura militar (Foto: Wikimedia Commons)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Durante o período de regime militar que assolou o Brasil por mais de duas décadas, o Serviço Nacional de Informações (SNI), que operou como um aparato poderoso de espionagem, monitorava de perto os movimentos sociais, políticos e culturais do país. Recentemente, documentos analisados pela Folha de S. Paulo revelaram que entre os alvos dessa vigilância estavam os movimentos negros organizados. O ativismo negro, que ressurgia com força naquele período, representava uma ameaça à ideologia racial propagada pelo regime. Enquanto os militares vendiam a imagem do Brasil como um país harmonioso, onde todos conviviam pacificamente em uma democracia racial, o ativismo negro era encarado como um desafio a essa narrativa oficial.

Os documentos do SNI demonstram que os militares viam o movimento negro como discriminatório e potencialmente perigoso para a ordem social estabelecida. Sob o pretexto de combater a "luta racial", os agentes da repressão monitoravam de perto ativistas e intelectuais negros, como a renomada historiadora Beatriz Nascimento.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Além disso, havia uma preocupação constante de que o ativismo negro brasileiro estivesse sendo influenciado por movimentos semelhantes nos Estados Unidos e por organizações de inspiração comunista. "Vários são os dados mostrando que elementos de formação marxista estão, por intermédio da exploração do problema, incitando a luta de classes e fazendo apologia do regime socialista", diz um dos documentos produzidos pelo SNI.

Os relatórios do SNI sugeriam uma conexão entre o movimento negro brasileiro e uma suposta campanha difamatória contra o país, promovida por ativistas dos Estados Unidos. O relacionamento entre os ativistas brasileiros e os movimentos de independência na África também era objeto de vigilância por parte dos militares, especialmente em um contexto de luta contra o apartheid na África do Sul.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

As reportagens na imprensa que abordavam questões raciais pareciam incomodar profundamente os agentes do SNI, que viam nelas uma potencial ameaça à estabilidade social, "estimulando o surgimento de uma dicotomia racial no Brasil". O monitoramento da mídia, incluindo programas de televisão como o Fantástico, da TV Globo, era parte integrante das operações de inteligência do regime.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Relacionados

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO