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Brasil

Múcio e comandante do Exército tentam blindar generais de investigações

A dupla buscou a CPMI, o Ministério da Justiça e a PF para tentar barrar constrangimentos a militares de alta patente. Depoimentos e indiciamentos são considerados inevitáveis

José Múcio e Tomás Paiva (Foto: ABR | Divulgação)
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247 - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, realizou na quarta-feira (23) uma série de visitas em Brasília aos três principais órgãos envolvidos nas investigações sobre o 8 de janeiro: a CPMI dos Atos Golpistas, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal. Após cada encontro, Múcio informou que seu objetivo era obter a relação de nomes dos militares que se encontraram com o hacker Walter Delgatti Neto no Ministério da Defesa em 2022. Nos bastidores, entretanto, a maior preocupação de Múcio e do comandante do Exército, Tomás Paiva, é outra: "evitar a convocação em série de generais envolvidos tanto nos atos golpistas como nas negociações com o hacker para ajudar a minar a credibilidade do sistema eletrônico de votação", conta Malu Gaspar, do jornal O Globo. >>> Pimenta aponta retomada da confiança entre o presidente Lula e os militares

Durante uma conversa privada com os membros da CPMI, o ministro e o general relataram que os militares da ativa estão apreensivos com as implicações que a CPMI e as investigações da Polícia Federal podem ter na já abalada reputação do Exército. Dentro das fileiras, ainda há uma ligação significativa com o bolsonarismo, e muitos estão indignados com o que veem como uma tentativa deliberada de desacreditar as Forças Armadas. O mesmo discurso foi reiterado na direção da Polícia Federal. Assim, embora tenha sido cauteloso para não parecer que estava interferindo ou pressionando indevidamente, Múcio deixou claro que, tanto por sua parte quanto pelo comandante do Exército, a preferência era evitar convocações de generais para prestar depoimento.

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Por outro lado, tanto na CPMI quanto na Polícia Federal, o ministro ouviu que não havia a intenção de constranger os militares, mas que seria inevitável convocar alguns deles para depor e, em casos extremos, até mesmo indiciar. Na cúpula da CPMI, a opinião predominante é que será desafiador evitar a convocação de "duas ou três figuras de alta patente". >>> Com investigações avançando sobre militares, presidente da CPMI dos Atos Golpistas toma café da manhã com Comando do Exército

“Toda vez que vem para a CPI alguém do Exército, seja do lado do Bolsonaro, ou do lado do governo, é um rebuliço lá dentro. E é uma comunidade muito unida com aquela vida de caserna. Quando vem alguém depor, eles falam ‘Ah, é porque estão querendo desmoralizar o Exército", contou à reportagem um integrante da comissão.

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Os principais alvos militares da CPMI atualmente são: o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes e os ex-ministros de Bolsonaro Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Para a PF, a lista é a mesma, mas com o acréscimo do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. Pai e filho são investigados no inquérito que apura a venda nos Estados Unidos de joias recebidas como presentes de Estado pela Presidência da República. >>> Punição a militares golpistas foi tema da reunião de Lula e Múcio com comandantes das Forças Armadas

Com as reuniões de Múcio e Paiva tornadas públicas, o comando do Exército tentou passar um recado às tropas, mostrando que há uma tentativa de proteger a imagem da corporação. A atmosfera na caserna tem requerido do comandante do Exército um esforço tanto interno quanto externo de coordenação com oficiais em serviço e aposentados, a fim de evitar quaisquer potenciais episódios de insubordinação. Dentro da instituição, ele tem empreendido viagens para se encontrar com as unidades militares em todo o Brasil, e encorajado seus comandantes a fazerem o mesmo. Além disso, ciente do clima desfavorável que permeia a reserva, a qual está ainda mais influenciada pelo bolsonarismo em comparação com a ala ativa, Tomás Paiva tem mantido uma comunicação constante com alguns generais que desempenharam papéis proeminentes durante o governo anterior, os quais ele enxerga como "formadores de opinião". Nesses diálogos, ele compartilha detalhes sobre suas ações institucionais e provê informações sobre suas atividades nos bastidores – como, por exemplo, o apoio moral ao general Mauro Lourena Cid, a quem ele sempre enfatiza como sendo parte integral da família militar, independentemente das transgressões que possa ter cometido.

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